A primeira coisa que devemos levar em consideração é que essa prova era da Divisão 1, com os carros praticamente originais. Isso é importante porque era justamente carro contra carro e não equipe rica contra equipe pobre.
Folha de S. Paulo 16.5.74 |
A disputa mais esperada era entre Maverick e
Opala e o nosso V8 já leva vantagem por ter vencido a prova de 1973 e ter
acumulado outras vitórias importantes como acompanhamos aqui no blog.
Espera-se que uns 120 carros sejam inscritos,
porém o grid só suporta 72. Com a participação do Wilsinho Fittipaldi a prova
ganharia mais emoção.
Diário de Notícias 16.5.74 |
Diário do Paraná 19.5.74 |
Folha de S. Paulo 21.5.74 |
Começam os treinos de classificação para a
corrida. O Wilsinho vai correr de Opala.
A Italcomy-Safra que “era a equipe da
Chevrolet” entra com 4 Opalas.
Folha de S. Paulo 22.5.74 |
É difícil ler a matéria, mas pelo titulo e
pelo que nós viemos acompanhando, dá pra entender.
O Maverick da Mercantil Finasa, que era a
equipe da Ford, fez o melhor tempo: talvez 3:47 minutos. Até o dia 25, dia da
prova, haverá mais treinos, vamos seguir.
O Estado de S. Paulo 22.5.74 |
Agora a gente consegue entender melhor. :)
O Opala ficou 1 segundo e 4 décimos atrás.
O Cruzeiro 22.5.74 |
O Estado de S. Paulo 23.5.74 |
É a vez do Wilsinho tentar a pole.
O Estado de S. Paulo 24.5.74 |
Nem Paulo Gomes nem Wilsinho. Jayme Silva é o
nome dele! Mais um Maverick fazendo a melhor volta e largando na frente.
Wilsinho tem problemas e o mais sério deles é
a modificação que sua equipe fez a fim de aumentar a potencia de seu Opala, que
agora está em desacordo com o regulamento.
Folha de S. Paulo 24.5.74 |
O Wilsinho Fittipaldi acabou ficando em 9º
lugar. Nós vemos vários nomes conhecidos no grid.
Folha de S. Paulo 25.5.74 |
Está aí o nome da equipe do Maverick pole
position, é a Slaviero-0K, concessionária Ford.
São 72 carros, 216 pilotos, um autódromo
desafiador, 25 horas de corrida e uma rivalidade recente, mas totalmente acirrada
entre Maverick e Opala.
O Estado de S. Paulo 25.5.74 |
Olha só, foi uma surpresa o Maverick da
Slaviero-0K ter ficado com a ponta, mas isso mostra que nessa categoria, o
diferencial era o piloto, pois o carro tinha as mesmas características para
todas as equipes.
Não era brincadeira, a briga entre Maverick e
Opala não era segredo, muito menos uma guerra fria. Carros e pilotos lutavam
para se manter à frente sempre. O Maverick tinha uma vitória contra o Opala nas
25 Horas de 1973 e esse ano o nível de ataques com certeza aumentaria deixando
essa disputa cada vez mais interessante.
Atenção para o que a matéria vem alertando: Os
Opalas estão com modificações consideradas fora do regulamento pelos dirigentes
da prova. Essa modificação era o tal do S, do motor 250.
Se já era sabido antes da corrida que os carros
seriam ou não homologados depois da corrida, podemos esperar que haverá muita
discussão. Já dizia a minha avó e a sua também: “O combinado não sai caro.”
No dia dessa matéria a corrida já estava rolando e olha o que vem dizendo: "A Confederação Brasileira de Automobilismo resolveu não homologar os Quadrijet da Ford e o motor 250 S da General Motors tornará essa competição mais equilibrada."
Aqui fica claro que nenhum dois dois estavam homologados, o 250-S só iria correr por causa do mandado de segurança.
Diário de Notícias 27.5.74 |
Aqui fica claro que nenhum dois dois estavam homologados, o 250-S só iria correr por causa do mandado de segurança.
Quatro Rodas 6.74 |
Quatro Rodas 6.74 |
O Opala do Wilsinho venceu. Venceu como?
Vamos analisar:
Vimos que mesmo antes da corrida já se falava
das irregularidades do Opala. Acredito que tudo deveria ter sido esclarecido
antes do inicio da prova, mas eles deixaram para o final e até hoje sai
discussão por causa disso.
A revista volta à corrida de 1973 e como
podemos ver, tudo ficou esclarecido e a
participação e vitória do Maverick foram válidas.
Já vimos também o que aconteceu com o 250-S em
Brasília, quando foi impedido de ser utilizado na corrida. O motivo era
óbvio, as peças que aumentavam sua potência não equipavam os carros de linha de
produção, logo não poderiam entrar nas corridas.
Dá pra entender que quem usava Maverick estava
tranquilo, tinha o carro mais forte e nem insistiu em usar o Maverick
Quadrijet, já que ainda não estava homologado. Quem usava o Opala, porém, não
tinha escolha, somente o 250-S poderia fazer alguma coisa na corrida, então
eles usaram esse mandado de segurança um dia antes da corrida (acho que
justamente para não dar tempo de ser negado) e correram “livres de culpa”.
Usaram como argumento que o motor do Maverick
era importado. Que argumento mais fraco... Quiseram usar o mesmo argumento que
a Ford usara em 1973, prometendo fabricar o número necessário de Opalas com o
250-S, mas acontece que a Ford tinha o Quadrijet, porém não forçou a entrada
deles na corrida, pois a homologação era questão de tempo. A Chevrolet acabou
enfiando os pés pelas mãos. O rival do Opala 250 era o Maverick V8, não havia
motivo para colocar o 250-S na briga, mas se ele entrasse, deveriam deixar o
Maverick Quadrijet participar também.
A turma do Opala forçou o máximo e deu tudo que tinha, usando até a justiça comum, para colocar o 250-S na corrida, eu entendo, era a única esperança para eles, mas não acho justo, se pode usar o 250-S, pode usar o Maverick Quadrijet também.
A coisa era tão séria que não era pra ter a
premiação dos vencedores no podium.
Achei legal a atitude de Wilsinho Fittipaldi
em deixar o seu chefe de equipe encerrasse a corrida pilotando e recebendo a
bandeirada.
Ainda teve vários acidentes com Maverick, mas
o final continuou o mesmo. Vitória do Opala, com um Maverick em 2º e um Opala
em 3º. O Maverick do Jaime Silva, que largou na frente, chegou em 8º.
Podemos comentar muita coisa, na verdade,
podemos falar por 25 horas sobre essa corrida. O Opala que chegou em 3º era
equipado com o 250-S e mesmo assim o Maverick V8 (normal) chegou 1 volta à sua
frente. Claro, não podemos dizer que a questão é motor, uma corrida tão longa
como essa tem muitas variantes, mas é curioso. O Opala do tão aguardado e
anunciado Wilson Fittipaldi ganhou, mesmo tendo feito um mau treino e classificando-se
em 9º lugar. O Opala 250-S vencedor fez a volta mais rápida da corrida 3:46:02
minutos. O Maverick V8 (normal) garantiu a pole position com o tempo de 3:46:03
minutos. Dos 4 Opalas 250-S somente 2 ficaram entre os 15 primeiros. Vou ficar
parar por aqui e voltar falar sobre a história, outra hora ou até mesmo aqui
nos comentários a gente fala mais da nossa opinião.
Folha de S. Paulo 27.5.74 |
O texto é meio confuso. O 2º colocado foi um
Maverick. Podemos dizer que é até engraçado os textos da época, são nomes
escrito errado, letras faltando... a tecnologia era outra e isso é normal.
Foi a primeira vez que a justiça comum foi
acionada para resolver assuntos do automobilismo nacional e isso aconteceu por
causa da necessidade da Chevrolet mostrar serviço, pois no geral só perdia para
o Ford Maverick, carro recém lançado.
No final da matéria entendemos que os Opalas
venceram uma corrida, mas essa vitória não contaria em nada no campeonato ou
até mesmo para a história, pois seus carros não estavam homologados (dentro do
regulamento).
O Jornal do Brasil também estava em cima do fato.
Folha de S. Paulo 28.5.74 |
O resultado mesmo só sairia em junho, época em
que a revista Quatro Rodas circulou a matéria da corrida.
Eu imagino o jogo de interesses por trás disso
tudo. Esse resultado importava a todos e continua tendo grande valor. O vencedor
das 25 Horas de Interlagos de 1974 foi decidido numa sala de escritório cheia
de advogados e pessoas de terno e não na pista.
Essa matéria deixa o assunto mais claro ainda. A Ford acatou a decisão da CBA e CDTN, enquanto que a GM desrespeitou totalmente as ordens e o regulamento.
O jornal diz também que por estar fora do regulamento, os primeiros colocados da Classe A e B além de serem desclassificados poderiam ser suspensos por seis meses.
Com certeza essa atitude educaria os concorrentes e é totalmente justa pois falta de respeito é uma falha muito grave. As equipes da Classe C deveriam sofrer as mesmas consequências.
O Estado de S. Paulo 28.5.74 |
O jornal diz também que por estar fora do regulamento, os primeiros colocados da Classe A e B além de serem desclassificados poderiam ser suspensos por seis meses.
Com certeza essa atitude educaria os concorrentes e é totalmente justa pois falta de respeito é uma falha muito grave. As equipes da Classe C deveriam sofrer as mesmas consequências.
O Cruzeiro 29.5.74 |
Vamos abrir um parenteses pois a revista O Cruzeiro publicava os assuntos bem depois de terem ocorrido, mas mesmo assim, em alguns casos, como esse, acaba divulgando informações não muito precisas.
Tudo o que lemos até agora, e não foi pouca coisa, fala que foi a GM que não respeitou o regulamento e que a Ford não fez o uso do Quadrijet nessa corrida. Bom, mas aí vem O Cruzeiro e diz totalmente ao contrário, num tom que eu entendo ser de ataque ao Greco e a Ford.
É interessante esse tipo de ponto de vista, mas como podemos notar, nenhum outro meio de comunicação publicou alguma coisa concordando com o O Cruzeiro. Vejamos as próximas notícias para colher mais fatos.
Diário de Notícias 31.5.74 |
Ou seja, o fato do Opala 250-S ter chegado na frente não significa nada.
Folha de S. Paulo 2.6.74 |
Acredite se quiser, quando
eu fiz o upload dessa imagem, o meu computador desligou sozinho. Não é porque o
Maverick não recebeu a vitória dessa prova que eu ia deixar de falar dela e
mesmo não gostando de exibir um carro que venceu uma corrida usando artifícios
que não faziam parte de um carro normal de linha de produção (se e que me
entendem), faz parte da historia e deve constar aqui.
Eu fiquei rindo depois de
ler essa propaganda. O melhor tempo do Grandiosíssimo 250-S foi apenas 1 décimo
melhor que o Maverick com o V8 importado, como dizem.
Depois ironizaram o slogan
da Ford, dizendo ter deixado pra trás todos os que estavam um passo à frente,
criaram um slogan que serviu pelo menos para essa corrida: Opala, sempre uma
vitória a mais.
Tão criativo e tão
inteligente, isso deve ter sido elaborado em uns 3 minutos J
Não me leve a mal, a
questão não é aquele fanatismo entre Maverick e Opala, pergunte a qualquer
pessoa e eles com certeza vão ficar contra o Opala (nessa situação), não pelo
carro em si, mas pelo modo que escolheram para vencer uma corrida. É quase a
mesma coisa que a Ferrari fazia ao dar a ordem ao Barrichello deixar o
Schumacher vencer a corrida.
Nós já conhecemos o
Maverick Quadrijet, mas não vimos praticamente nada do Opala 250-S, seu principal
adversário.
O Estado de S. Paulo 9.6.74 |
O V8 302 é importado e
ponto. Essa é uma característica do carro. Vão querer impedir que ele corra por
causa disso? Será que é bom para Ford toda essa manobra de trazer esse motor do
Canadá, México e/ou Estados Unidos? Com certeza seria muito melhor produzir
esse motor aqui, teria a mesma potência, qualidade e ia continuar vencendo os
outros carros. A questão de ser importado ou não, pra mim, não significa nada.
A GM não dava atenção às corridas até essas mesmas corridas refletirem nas vendas dos carros. O Maverick
chegou e estremeceu as estruturas da Chevrolet, levando-a a oferecer todo e qualquer apoio
as competições.
Brincadeira esse negócio: “não há especificação de se esses doze meses
serão contados regressivamente à data de inscrição do carro.” É claro que a
contagem é regressiva. Em 1973 a Ford fez QUASE a mesma coisa para colocar o
Maverick para correr, mas era diferente, o carro já havia sido lançado no país
e obviamente seria produzido no período de 12 meses. A Chevrolet fez QUASE a
mesma coisa forçando a homologação de um motor que nunca tinha sido utilizado
nas ruas. Reforçando a idéia de que era mesmo um pulo do gato, uma artimanha
para melhorar sua imagem e deixar de ficar atrás do “novato” Maverick.
O regulamento não protegia
o 250-S muito menos o Quadrijet, porém a Ford não impôs a participação do
Quadrijet, ao contrário da Chevrolet que deve ter gasto uma fortuna com
advogados para fazer seu carro vencer as 25 Horas de Interlagos.
Temos a descrição do que
faz o 250, um 250-S, são várias modificações e ao contrário da Ford que tinha a opção do Kit Quadrijet, o 250-S era um motor que só dava para ser adquirido junto
com o Opala SS.
Já vi gente falando que o Opala 250-S era o carro mais potente do Brasil na época, Dodgeiros não liguem para eles, ainda era o Charger R/T com 215cv brutos. A verdade é que o Opala melhorou muito (em potência) com esse novo motor, mas não chegou a ser o mais potente.
Em breve vou postar uma
pesquisa sobre a potência em cavalos brutos (SAE) e cavalos líquidos (DIN).
O Cruzeiro 10.6.74 |
As coisas estão ficando mais claras agora...
O Cruzeiro 12.6.74 |
Esse assunto nós discutimos ao ler a edição da Quatro Rodas sobre a corrida.
Gostei da última frase: "Agora cabe ao CTD da CBA descobrir quem (Ford e Chevrolet) está menos errado."
Eu já disse, mas vou repetir, o que a Ford fez em 73 é totalmente diferente do que a Chevrolet fez agora nessa corrida. Há de se tomar cuidado com essas comparações.
O que eu não entendi, é que O Cruzeiro noticiou primeiro a desclassificação de alguns carros, mas nessa matéria que foi feita depois não diz nada do assunto....
O Cruzeiro 19.6.74 |
O Cruzeiro 26.6.74 |
Eu vejo duas coisas:
1- O Maverick era o mais veloz independente de onde e como era produzido.
2- Para o Maverick correr precisava ter seguido o que a CBA pedia, porém a própria CBA alterou os termos, então, onde é que está o problema?
Não sei porque complicar tanto....
O Estado de S. Paulo 27.6.74 |
Agora fica complicado....
Sabíamos que o resultado
da corrida só sairia depois de uma reunião em junho. Reunião esta que ainda não
havia ocorrido quando a Quatro Rodas fez sua matéria. A primeira notícia que
achei (que realmente parecer ser da data da reunião) é de 27.6.74, onde o
jornal Estado de S. Paulo publicou essa matéria acima confirmando o que O Cruzeiro havia noticiado.
Tivemos uma reviravolta,
pois a CBA desclassificou os 3 primeiros colocados: 1º Opala, 2º Maverick, 3º
Opala, fazendo do 4º colocado, o Maverick da Equipe Manah dos pilotos Arthur
Bragantini/Tite Catapani e Mário Pati Jr vencedores da prova.
Os carros com motores
250-S e V8 Quadrijet foram desclassificados, além de outros carros com
irregularidades. Não lembro de ler que algum Maverick Quadrijet correu, mas
mesmo assim acho justo a desclassificação do 250-S e do Quadrijet.
E agora acho que a parte
mais importante: A homologação do 250-S e do Quadrijet. Mil unidades para a
divisão 1 e apenas 100 para as variantes destinadas a competições, que são
apresentadas pelas fábricas. (incluindo o 250-S e o Quadrijet)
Essa reunião do CTDN
resolveu vários assuntos, mas ainda acho que deveria ter acontecido antes da
corrida.
Então por enquanto, o
Maverick da Equipe Manah que era o vencedor das 25 Horas de Interlagos de 1974.
O Estado de S. Paulo 28.6.74 |
A equipe Itacolomy vai recorrer, se acha injustiçada.
Dois meses após a prova e os prêmios ainda não foram pagos?! É isso que dá não respeitar o regulamento.
O Cruzeiro 7.8.74 |
O Cruzeiro 21.8.74 |
|
Parece que o negócio passou a ser pessoal que estariam pensando assim: "Se eles podem, nós podemos também"
O Cruzeiro 28.8.74 |
Aqui estão voltando ao assunto do dia 19.6.74. A Ford corrigia seus atos e respeitava os clientes ao contrário da GM que deixou todos os princípios de lado para vencer uma corrida...
Repito: Não tenho da pessoal contra o Opala ou os seus fãs, eu apenas não aprovo a forma da GM ter conduzido a situação.
Repito: Não tenho da pessoal contra o Opala ou os seus fãs, eu apenas não aprovo a forma da GM ter conduzido a situação.
E para encerrar com chave de ouro, veja o resultado oficial:
Almanaque dos Esportes 1975 |
Este é um recorte do Almanaque dos Esportes da editora Abril no ano de 1975 contando os fatos de 1974.
O resultado das 25 Horas de Interlagos de 1974 ficou assim:
Vitória de Mário Patti Junior, José Roberto Catapani e Arthur Bragantini em um Ford Maverick.
Do primeiro ao quinto foram Maverick.
Eu não criei esse blog
para ficar defendendo o Maverick, muito menos para atacar os seus concorrentes.
A minha opinião baseia-se no que foi notícia de verdade como vocês podem ver.
Se você gostou, eu agradeço. Se não gostou, eu lamento, mas é a história.
MAVERICK NA HISTÓRIA
A História do Maverick contada como você nunca viu!
Estamos na rede TSU, venha ver!
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