Peguei meu remo mais uma vez, montei no barco em direção a cabeceira do rio. Não é nada popular ir contra o conhecimento comum das pessoas, mas o papel principal deste blog é falar sobre fatos históricos, se vão gostar, não é prioridade.
O Ford Taunus é pouquíssimo conhecido no Brasil, alguns o
confundem com o Ford Taurus, mas a maioria mesmo nunca ouviu falar. Onde é que
ele é mais citado? Justamente no meio da história do Maverick. De forma geral,
a única coisa que as pessoas “sabem” sobre o Taunus, é que ele participou com o
Maverick e outros carros de uma pesquisa da Ford no Brasil. Aí os que
“entendem” ainda mais, completam dizendo que na realidade, o Taunus era para
ter sido fabricado no Brasil no lugar do Maverick.
Sinceramente, esse assunto me deixa muito cansado... o foco aqui será mostrar de onde e quando surgiu o interesse da Ford brasileira pelo Taunus e até onde isso chegou.
O Taunus é basicamente um carro de 1939 que foi evoluindo
e se modificando até 1969, quando foi anunciado seu último modelo, o P7. Sim,
pois em 1970 a Ford da Alemanha, que fabricada o Taunus, se uniu à Ford Inglesa
para formarem a Ford Europa. Foi uma decisão da Matriz visando racionalizar a
produção e ser mais competitiva.
Em setembro de 1970, a Ford Europa lançou dois carros, a
fábrica da Alemanha o TC e a fábrica Inglesa o Cortina MK3. Ambos tinham a
mesma base, mas se diferenciavam pelo acabamento e estilo.
Não se esqueça do P7, ele ficou em produção simultânea
com o TC até 1971.
A partir de então, o TC (Taunus/Cortina) levou o nome Taunus em frente. Só para deixar mais claro, existia, portanto, o TC, alemão e o Cortina, inglês. A produção desses carros era de forma semelhante, mas mantiveram suas identidades, mesmo tendo o mesmo monobloco. Resumindo, a Ford Europa tinha 1 base só e a partir dela fazia dois carros diferentes.
Ótimo, até aqui é o suficiente, pois a clínica feita no Brasil onde esses carros foram comparados aconteceu a partir de julho de 1971 e foi aí que a história do Taunus e a do Maverick se cruzaram.
O conhecimento comum sobre o encontro desses dois carros diz que: “a Ford precisava lançar um carro médio no Brasil e para isso fez uma pesquisa onde comparam o Maverick, o Taunus e outros carros. O carro escolhido pelos convidados seria o novo Ford brasileiro. O Taunus venceu, mas a Ford percebeu que não seria possível fabricar este carro no Brasil, então escolheu o Maverick porque este era mais fácil de fazer por aqui. Dizem também que um Maverick era utilizado dentro da Fábrica, indicando que a Ford já tinha decidido pelo Maverick independentemente do resultado da pesquisa, ou seja, já estava tudo armado para o Maverick vir para o Brasil. “
Quem acompanha as nossas pesquisas sabe exatamente onde
está cada erro dessa conversa fiada aí.
Nessa pesquisa, vamos chegar ao mais próximo possível da relação da Ford do Brasil com o Taunus e deixar claro se era possível fabricá-lo no Brasil, se a Ford tinha preferência pelo Maverick, vamos falar também da pesquisa/clínica... Nós vamos abranger esse assunto da forma que sempre fazemos, com fontes confiáveis, dentro do contexto e com o máximo de detalhes.
Vamos lá então.
Começamos em 1968, bem distante de onde o Maverick entra
na jogada.
Quatro Rodas 2.68 |
Nessa época, o Corcel ainda era apenas o projeto M e a
revista fez uma matéria dizendo que a Ford testava o motor do Taunus neste
projeto.
Portanto, podemos dizer que nesse momento, o Taunus já era
próximo da Ford do Brasil e seus interesses.
O Jornal 18.1.70 |
Essa troca de motor foi descartada anos depois...
Mas seguindo a ordem cronológica, chegamos à 1969
Quatro Rodas 8.69 |
Veja só essa previsão. Estávamos em agosto de 1969 e a
revista diz que em a partir de 1971 o Aero e o Itamaraty sairiam de linha e seu
lugar seria ocupado pelo Taunus (17M).
Agora o Taunus era indicado como um carro substituto e
novo na linha da Ford brasileira. Segredos, previsões e especulações eram
comuns na época, assim como são até hoje.
Quatro Rodas 8.69 |
O Taunus foi visto no Centro de Pesquisas da Ford e é
dito que os primeiros estudos para fabricá-lo aqui já tinham começado.
2 Taunus foram importados e a revista diz que é possível
que os estudos concluam que o Taunus não se adapte às condições brasileiras,
mas que até o momento nenhuma restrição desse tipo foi levantada. Ainda lemos
que a ideia de fabricar o Taunus no Brasil não é nova na Ford, mesmo quando o
projeto mais falado era o de fabricar o Cortina. Isso antes da fusão
Ford-Willys, antes, portanto, da fase Corcel. O Taunus entraria como carro
médio no mercado brasileiro.
Vamos analisar.
Apenas 4 meses após o Maverick ter sido lançado nos EUA (abril de 1969), a Ford do Brasil já tinha um projeto em andamento com o Taunus para que ele fosse o próximo Ford brasileiro. Veja que não era apenas uma ideia ou vontade, realmente estava acontecendo e não tinham encontrado nada que atrapalhasse essa vinda do Taunus para o Brasil. Vimos também que esse interesse pelo Taunus era ainda mais velho. Talvez pesquisando sobre o Corcel, chegaremos até fatos mais antigos. Falando em Corcel, ele é bastante parecido com o Taunus.
Ou seja, o Taunus tinha a preferência, estava na frente
da fila (que na verdade era composta apenas por ele) para ser o novo carro da
Ford no Brasil.
Quatro Rodas 8.69 |
Este era o modelo P7. E olha, que confusão é identificar
esse carro heim, puxa vida... o mesmo veículo tem infinitos nomes, versões...
complicadíssimo ser mais especifico do que chamar apenas de Taunus.
Bom, entre Maverick e Taunus, quem chegou primeiro no Brasil? Foi o Taunus...
1970
Jornal do Brasil 17 e 18.5.70 |
Olha que notícia legal. Nesse período aí, o Taunus ia
começar a dividir sua plataforma com o Cortina, por causa da criação da Ford
Europa. Os engenheiros brasileiros foram até a Alemanha participar desse novo
projeto. Sensacional!
Jornal do Brasil 24.6.70 |
Opa, como é? PROTÓTIPO DO 17M?
O jornal diz que esse novo modelo inspirado no Taunus
será o substituto do Aero e do Itamaraty.
Então o carro ficou pronto? Já estava certo, ele seria
apresentado no Salão do Automóvel de 1970 e lançado em 1971? O carro da foto é
o protótipo?
A Tribuna 27.9.70 |
Mais um assunto novo para mim.
O governo aprovou o projeto da Ford-Willys para a fabricação
de um novo carro de passageiros, sedan, quatro portas, nas versões standard e
luxo. Com motor de 6 cilindros de 125 hp dianteiro e com tração traseira.
Não há confirmação de que esse carro aprovado será o Taunus, mas como vimos, somente ele tem sido visto em testes.
Você já tinha ouvido falar disso? Realmente é uma
informação que abre um leque de possibilidades para aquela época e, atualmente,
mostra que a Ford não deixou para a última hora para lançar seu carro médio.
Diário de Pernambuco 13.10.70 |
Os novos Taunus e Cortina que os engenheiros brasileiros
ajudaram a fazer lá na Europa, ficaram prontos.
Eu achei essas linhas muito mais legais do que as
anteriores, com exceção da frente alí no capo com o famoso “Knudsen nose”.
Semon “Bunkie” Knudsen foi presidente da Ford mundial nesse período e colocou
esse bico no capo de praticamente todos os carros. Era uma marca dele, que eu
acho de um gosto bastante duvidoso. O Maverick chegou antes dele e se livrou,
mas o Mercury Comet, por exemplo, recebeu esse nariz.
O Cruzeiro 20.10.70 |
A apresentação dele no Salão do Automóvel na França. Sempre indicado nas revistas e jornais como o provável novo Ford brasileiro.
E Maverick nada.... Só se fala em Taunus há 2 anos... vai vendo....
Jornal do Commercio 14.11.70 |
O Corcel sempre vendeu bem, esse carro é maravilhoso
também.
A linha nacional para 1971 incluía o Aero e o Itamaraty, mas a falta de atualização indicava não só o fim desses dois carros, mas também que o Taunus estaria com espaço livre para ser lançado.
Podemos perceber que tudo estava seguindo naturalmente e
como deveria ser. Um produto sai e linha e é substituído por outro que já vem
sendo preparado. Tudo normal...
1971
O Globo 13.3.71 |
1 ano e 7 meses depois que vimos aqui a Ford falando pela primeira vez do Taunus, é que o Maverick aparece.
O jornal ainda diz que a utilização do Taunus é bem mais antiga e descreve os pontos positivos dele, mas na verdade, o Maverick tinha essas mesmas facilidades de produção. Outros 4 países estavam fabricando ele.
Bom, vamos analisar um pouco.
Sempre achei que a Ford demorou muito tempo para lançar o
seu carro médio e, de fato, demorou, mas agora vemos aqui que era para ele ter
chegado em 1971. A Ford agiu rápido, planejou, preparou, testou... eu gostei do
que foi feito, mas aí chegamos ao ponto de virada que é justamente a opção
sugerida de esquecer tudo o que foi feito e trazer o Maverick para o Brasil.
Nós não sabemos o que seria do Taunus, mas se a Ford
estava dentro do prazo, mudar de ideia agora iria atrasar tudo.
Se analisarmos do ponto de vista da Ford, seria péssimo,
uma perda de tempo valiosíssima, a abertura de vantagem enorme para a concorrência,
porém, se havia uma possibilidade mais viável, talvez valesse a pena perder
agora para recuperar depois. Outra coisa, um projeto testado, feito e
autorizado pelo governo, não seria descartado apenas por um capricho. Sem
dúvida ele tinha algum problema ou realmente deixou de ser a melhor opção.
Falando assim, parece até uma coisa simples, mas durante
esse período, houve mudanças na presidência da Ford matriz e na filial
brasileira, houve mudanças no mercado e tomar uma decisão assertiva no meio
desse furacão não era nada fácil.
A Tribuna 14.3.71 |
Agora o jornal já adiciona mais 2 anos para a chegada do próximo carro da Ford para o Brasil. Era para ser lançado agora...
Lemos que a Ford estava testando um Maverick de 4 portas que pertence ao Consulado Americano, para efeito de avaliação entre ele e o Opala. Em breve outros chegaram para mais testes de viabilidade de sua produção aqui. O projeto anterior, o MH derivado do Taunus, está parado e esquecido.
Mais uma pausa aqui.
Já podemos desmistificar algumas abobrinhas que dizem. O
Taunus tinha vantagem de mais de 2 anos sobre o Maverick, estava tudo na mão
dele, digamos assim... Outra coisa é que o Maverick utilizado aí para teste foi
apenas em março de 1971, ou seja, não tem nada a ver dizer que o Maverick tinha
alguma vantagem, justamente pelo que explicamos acima. Não tinha nada armado, o
Taunus não era vítima e muito menos o Maverick era favorecido de alguma forma. Mais
uma coisa, em nenhum momento foi dito que seria inviável ou impossível de
fabricar o Taunus aqui. Aconteceu que viram uma outra opção (o Maverick) e
passaram a fazer os mesmos testes com ele. Estava tudo em pé de igualdade.
O erro de quem conta as versões deturpadas dessa
história, é considerar apenas o que aconteceu a partir do momento que o
Maverick entrou na jogada.
E não adianta viajar na maionese. A Ford abriu espaço para o Maverick pelos seus atributos. Ponto final.
Ah, esclarecendo mais uma coisa: Projeto MH é o nome do projeto que resultaria no próximo carro médio brasileiro da Ford que teria como base o Taunus. Mesmo assim, algumas vezes é possível entender que o MH seria o próprio Taunus. De qualquer forma, não adianta ficarmos nos apegando muito ao nome do projeto, pois pelo menos para mim, essa questão não é tão clara.
Quanto mais a gente pesquisa e analisa, mais a gente
entende. Vamos continuar.
O Estado de Florianópolis 7.4.71 |
Viram, agora o Projeto MH é definido como um carro
moderno derivado do Taunus ou do Maverick. Não seria o Taunus ou o Maverick,
mas uma variação de um dos dois.
Bom, agora o presidente da Ford do Brasil, Joseph O’Neill, estava na matriz em Detroit para definir como seguiriam com essa questão.
Não foi nada simples...
Fatos e Fotos 8.4.71 |
Olha o Maverick do Consulado aí nas dependências da Ford.
Mas veja, tudo o que diziam sobre o Taunus, agora dizem
sobre o Maverick... está muito cotado para o Brasil, é o carro ideal....
O Cruzeiro 14.4.71 |
É, a chave virou mesmo. O Taunus realmente ficou para
trás, o Maverick é a nova chance da Ford de voltar ao mercado de carros médios
no Brasil.
Correio Braziliense 18.4.71 |
Desse jornal, aprendemos que o Joseph O’Neill tratou naquela
viagem à Matriz, a possibilidade da construção de uma fábrica de motores no
Brasil.
Entendemos que a Ford não tinha apenas preocupação com a produção de um novo carro, mas também com a expansão das suas linhas de produção, construção de fábricas, aumento de exportações... A Ford preparava um grande aumento de sua força no Brasil e tudo isso acontecia ao mesmo tempo.
A Tribuna 23.6.71 |
Mais carros importados chegando ao centro de pesquisas da
Ford. O que estaria acontecendo?
Quando o jornal diz que as pessoas ligadas à fábrica anunciam que os planos favorecem ao Maverick, é por causa de suas características próprias. Não tem ligação com algo combinado anteriormente ou já decidido.
Quatro Rodas 6.71 |
Olha só que pergunta! Esse leitor estava mesmo ligado aos
acontecimentos.
As proporções do Taunus são bem inferiores às do Opala e
Maverick. Ele estava mais para o Corcel. E qual seria a necessidade de ter 2
carros do mesmo tamanho? E aqui, a resposta pelo menos, foi sobre os novos modelos.
Auto Esporte 7.71 |
Nós conhecemos o Maverick, mas vou deixar essa matéria
aqui para completar e dar sequência no assunto.
A especulação que estão fazendo com o Maverick, é a mesma
que fizeram com o Taunus. Olha no que deu... nada se confirmou e as coisas
voltaram para a estaca zero.
Auto Esporte 7.71 |
Aqui a revista diz que o Maverick poderá ter reais condições de fazer concorrência ao êxito do Opala e representar um rival muito sério aos outros carros mais luxuosos. Ela reforça também que como não se fala mais no Taunus (MH), o Maverick tem grande possibilidade de ser no novo lançamento da Ford no Brasil.
Não há muito o que eu completar. O Maverick foi projetado
para ser prático, simples, econômico e bonito. Sua construção é solida e ideal
para todo tipo de terreno. Ele já nasceu pronto. Não há dúvida que se adaptaria
facilmente ao Brasil.
Correio da Manhã 25 e 26.7.71 |
Então a Ford preparou a Clínica para analisar a opinião
popular e decidir qual carro teria melhor aceitação.
Essa ocasião foi chamada de salão, de pesquisa, de
clínica... mas o correto é clínica mesmo.
Fatos e Fotos 26.8.71 |
O Maverick foi o escolhido e o Edgar Molina chegou ao
Brasil para continuar as tratativas para definir o novo carro e também a
fábrica de motores.
Correio Braziliense 14.11.71 |
Após ser escolhido 1 vez, a Ford preparou mais uma etapa da clínica e dessa vez o Maverick... adivinha... foi escolhido novamente.
Falando nisso, é interessante notar que quando o Taunus
estava em evidência, foi exclusivamente por aposta da Ford. Não houve clínica
para o Taunus naquela época. Nas duas chances que o Taunus teve para convencer
o público, não conseguiu.
Então pra mim é bem claro: O Maverick foi uma aposta da Ford, assim como o Taunus, mas o Maverick tinha o apoio do povo e tinha muito mais apelo de carro médio.
O jornal diz que alí já tinham a confirmação da Ford
americana que o Maverick estava decidido como o novo Ford brasileiro.
Chamam o Aero de fracasso... Um carro com forte estilo dos anos 50 que se manteve por 12 anos no mercado é um fracasso? Talvez para algumas pessoas só exista sucesso ou fracasso, não consideram meio termo para esse tipo de análise...
Lemos também que essa estratégia de consultar o público
para definir um carro não tinha dado certo outras 3 vezes.
Pois é, de tantos caminhos, qual é o certo? Não devemos
esquecer que o mercado brasileiro de automóveis não tinha um grande histórico
para ser analisado.
Olha só, o Brasil era o único mercado em todo o mundo em
que os carros de 2 portas vendiam mais que os de 4 portas.
Um mundo à parte mesmo....
A Tribuna 22.2.72 |
Os Taunus retornaram para sua casa e estava findado a
chance de ser produzido no Brasil.
O Globo 2.3.72 |
O próprio Lee Iacocca, presidente da Ford mundial, veio ao Brasil reunir-se com o governo para ter a aprovação para fabricar o Maverick aqui.
Auto Esporte 4.72 |
O Maverick estava definido e uma nova fábrica de motores
seria necessária. A Ford estava totalmente confiante no Brasil e entrava de
cabeça com grandes investimentos.
Auto Esporte 4.72 |
Mais testes com o Maverick....
Correio da Manhã 11 e 12.6.72 |
Era um momento promissor para a Ford no Brasil.
Joseph O’Neil disse: “Somos a segunda maior fábrica do
País e manteremos essa posição”.
A Ford investiria em caminhões, tratores, no lançamento
do Maverick, ampliação da linha do Corcel e a construção de uma fábrica de
motores. Quanta coisa!
O’Neill revela que foram cerca de 20 viagens à matriz durante dois anos, lutando para conseguir que a fábrica de motores fosse construída no Brasil. Ele chamou o Edgar Molina de grande advogado da Ford brasileira nessa questão.
E a vida seguiu no Brasil sem o Taunus, mas com o Maverick, o carro escolhido por duas vezes pelo povo.
Mas antes da conclusão, vamos avançar até o ano de 1974,
quando a Ford da Argentina lançou o Taunus por lá.
1974
A Tribuna 20.10.74 |
1 dos motores que ele utilizaria, é o 4 cilindros OHC
feito em Taubaté. Veja só como são as coisas, o motor estava pronto, sendo
utilizado em um carro aqui do lado na Argentina, mas ele não poderia ser
instalado no Maverick no Brasil. A Ford tinha um acordo que durante o primeiro
ano, toda a produção de motores seria exclusiva para exportação. Dessa forma,
deu certinho para o Taunus argentino ser lançado com esse motor.
Outro fator importante do mercado argentino é que lá o
Taunus ocuparia o lugar de carro pequeno. Acima dele estava primeiro o Fairlane
e o Falcon.
Tanto o Maverick quanto o Taunus, completaram a linha
Ford em seus respectivos países, mas em funções diferentes.
Por isso ele é chamado de CHICO na Argentina, é o menor
da linha.
Conclusão
São poucas as perguntas que podem ser respondidas apenas
com SIM ou NÃO. Para tratar esse assunto, tive que pesquisar bastante e
analisar muita coisa.
A Ford planejou tirar o Aero e o Itamaraty de linha e já preparou tudo para preencher essa vaga. Eles apostaram no Taunus ainda em 1969, pois a ideia de utilizar ele vinha mesmo antes da compra da Willys em 1967. Todos os testes foram feitos, conseguiram aprovação do governo para sua produção, havia previsão para que ele fosse até mesmo apresentado no salão do automóvel de 1970, mas já no início de 1971, a Ford achou que o Maverick também seria uma boa escolha para o Brasil. Testes com o Maverick foram feitos e para definir de vez e uma clínica foi promovida em 2 etapas, onde o Maverick foi escolhido nas 2 vezes. A Ford mundial aprovou e o Maverick seguiu seu caminho no Brasil.
Nós não sabemos como o Taunus seria produzido no Brasil,
se usaria a mecânica alemã, quais motores usaria e de onde eles viriam, mas
temos certeza que nada disso estava disponível no Brasil. A chance de acontecer
uma adaptação de mecânica, como aconteceu com o Maverick, eram quase que
certas.
A Ford estava investindo na sua completa infraestrutura e nenhum carro poderia ser fabricado 100% como “deveria”. O Galaxie usava um motor que nunca usou nos EUA, o Corcel usava motor Renault... Acha que só o Taunus iria escapar disso?
Há quem diga que o Taunus conseguiria um resultado melhor
no Brasil do que o Maverick, mas quem pode confirmar isso? Com base no que se
pode dizer isso?
Não adianta analisar o ocorrido naquela época com a cabeça de 2024, pois ninguém sabia o resultado que cada atitude teria.
A Ford estava em cima dos prazos, mas ao invés de entregar um carro já em 1971, optou por esperar mais 2 anos para entregar o tão esperado veículo. O Maverick foi até, ao menos 1978, o terceiro melhor lançamento do Brasil, considerando os 6 primeiros meses de venda. Esse e outros fatos mostram que o Maverick foi uma escolha certa, talvez seria melhor ainda se o Maverick fosse lançado em 1971.
Veja só, nos 5 anos e 9 meses de produção do Maverick no
Brasil, 108.237 unidades foram feitas.
O Taunus ficou em produção na Argentina de 1974 até 1983 e vendeu 197.031 unidades. O Taunus número 100.000 foi produzido com 6 anos e 2 meses.
Cada mercado tem a sua particularidade, mas é claro que
proporcionalmente o Maverick vendeu mais. Pode-se até considerar um empate, mas
dizer que o Taunus seria muito melhor que o Maverick no Brasil, é fugir da
realidade. E olha que nem estamos considerando o Corcel II, nem que o Maverick
usou o motor 6 cilindros e tal...
Mais alguns fatos:
Eu sou a favor do Taunus, é da família Ford! Eu acho que
deve ser muito legal de dirigir, um carro pequeno com o 2.3 e tração
traseira... Mas não se compara com o Maverick... são carros muito diferentes.
Eu gosto dos dois, mas minha preferência é total ao Maverick.
De qualquer forma, as coisas aconteceram da forma que era
possível. Do que analisamos, fica claro que não houve preferência, nem
interferência para a escolha do carro a ser fabricado no Brasil.
O Taunus perdeu completamente a batalha no Brasil, seu
projeto pronto foi abandonado justamente porque o Maverick era mais adequado.
Lembre-se, a escolha não teve início na clínica em 1971, a Ford já tinha
completado todo o ciclo para lançar o Taunus.
Portanto, não adianta repetir as mesmas desinformações
sobre o assunto sem mostrar provas e fatos como vimos aqui.
Durante anos as pessoas, mal intencionadas ou não, veem
deturpando a história do Maverick, contando apenas o que os interessa e como
querem, mas a verdade sempre aparece e a verdade sobre esse assunto está aqui.
O que você fará com ela?
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