Estamos de volta com a segunda parte da História do Maverick
Berta-Hollywood. Recomendo que você leia a primeira parte (aqui) antes de continuar.
Bom, vimos a trajetória do Maverick D1 da Equipe Hollywood
até se tornar o incrível Maverick Berta-Hollywood D3 no ano de 1974. Agora
vamos acompanhar sua estreia, apresentação e vitórias além de conhecer um pouco
mais sobre o Oreste Berta.
Diário do Paraná 28.7.74 |
Essa matéria confirma que Luiz Pereira Bueno tinha ido à
Argentina testar o Maverick.
O Cruzeiro 31.7.74 |
A expectativa era que a estreia do carro já fosse nessa
corrida, a primeira do campeonato.
O Estado de S. Paulo 8.8.74 |
Folha de S. Paulo 10.8.74 |
Aqui temos um ficha técnica do Berta-Hollywood:
Motor V8 302, refrigeração a água, cárter seco, alimentação
por 4 carburadores de corpo duplo, sistema elétrico de ignição, cambio de 4
marchas, diferencial original, freios a disco nas 4 rodas, suspensão original,
direção tipo cremalheira, embreagem multidisco seco hidráulica, comando hidráulico do acelerador, 2 tanques de gasolina
(60 litros cada), instrumentos de bordo Smiths, rodas de liga leve e cubo
rápido com aro de 15 e 11 polegadas de tala na dianteira e aro 15 e 14
polegadas de tala na traseira.
Ainda não tive a honra de ver esse carro pessoalmente, mas
ler as características dele já é o suficiente para eu ficar impressionado.
Vejam, é fácil encontrar Maverick com tala 10 na traseira. É muito bonito,
preenche toda a caixa de roda. O Berta-Hollywood, tinha tala 11 na dianteira! É
realmente um monstro!!!
Retirada da internet. Não tenho a fonte precisa |
Feio? Bonito? Veloz!
Jornal dos Sports 11.8.74 |
Vale lembrar que nenhum Maverick havia
participado na D3. Por isso que o jornal diz que
o Berta-Hollywood seria o primeiro veículo a fazer frente aos Opalas.
Quatro Rodas 9.74 |
Quatro Rodas 9.74 |
Quatro Rodas 9.74 |
A matéria diz que o Bera-Hollywood foi sem dúvidas o melhor
carro da corrida.
Vemos que o carro não estava totalmente pronto para corrida,
faltava: bancos (?), retirada de forro das portas, substituição dos vidros por
acrílico e etc.
Um fato importante e curioso. O pedido era de pneus Goodyear
tala 11 e 14, mas foram entregues pneus Firestone de medidas diferentes.
Coincidência ou não, foi um pneu traseiro furado que o fez
perder a corrida.
Antes vimos que o câmbio era original; o que dá para
entender que seja original do Maverick, mas agora lemos que o câmbio era do
Torino argentino.
Foram 4 meses e meio para o carro ficar pronto. Começou em
abril de 1974 então.
Foram mais de 200.000 cruzeiros para fazer o Maverick
Berta-Hollywood!
Anísio Campos garante que seu carro foi construído dentro do
regulamento. Explica que foram instaladas molas helicoidais na traseira e no
lugar do feixe de molas, laminas de acrílicos foram aplicadas.
Os freios são os mesmos dos Formula 1 Berta-Tornado.
Possui cabeçotes Gurney & Eagle modificados, 4
carburadores Weber 48mm, coletores de admissão, comando de válvulas e bomba
d’agua desenvolvidos pelo Oreste Berta. Faz aproximadamente 2km/l a 5.000,
5.2000 rpm.
Tem carter seco, bomba trilpa Avid, sistema elétrico com
ignição eletrônica Speedatron, distribuidor Dubelco
Um carro impossível de ser copiado.
O Cruzeiro 28.8.74 |
Foi uma corrida levada a sério, mas com uma expectativa primeiramente em saber como o carro se comportaria. O resultado foi muito bom.
Grand Prix 9 e 10.74 |
A história da corrida de estreia
Grand Prix 9 e 10.74 |
Eu procurei muito tempo por essas fotos.
Dá pra identificar o Luiz Pereira Bueno alí na frente do carro com o capacete na mão e notei agora pela primeira vez que o escapamento era vermelho.
Que legal!
Folha de S. Paulo 21.8.74 |
Chegada ao Sudeste.
Oreste Berta em pessoa estava em Interlagos para
acompanhar os testes do Maverick e depois daria uma entrevista.O Estado de S. Paulo 24.8.74 |
Mesmo com problemas de pneu, freio e pressão de combustível,
o Maverick Berta-Hollywood pilotado pelo Peroba, Luiz Pereira Bueno, quebrou o
recorde oficial da D3.
Impressionante!
Na mesma noite dos testes, 23/08/1974, aconteceu a coletiva
de imprensa com Oreste Berta.
Ele disse que os testes foram satisfatórios por ser a
primeira vez do carro na pista de Interlagos e pelos problemas que aconteceram.
Em situações normais ele acredita que o carro pode baixar o tempo em 5
segundos.
Oreste Berta tinha 35 anos de idade e 10 deles dedicados ao
automobilismo.
Ele voltou para a Argentina no dia seguinte, mas já disposto
a voltar.
Jornal do Brasil 28.8.74 |
É como a revista Quatro Rodas falou. Ainda tinha bastante
coisa para retirar e alterar no carro para que se livrasse dos itens de um
carro de rua. E eu não vejo nenhum santo antonio por dentro do carro.
Que curioso!
Observação #1: Tanto o forro de porta quanto os frisos da
traseira são do Super Luxo.
Vejam, mesmo após sua transformação, preserva a boca de
abastecimento pela tampa do porta malas.
Que sensação incrível deve ser entrar nesse carro!
Acho impressionante como o Oreste Berta começou. Preparou
motores que venceram a equipe de fábrica. Ele tem um talento e conhecimento
enorme!
Ele declarou que o Maverick Berta-Hollywood foi feito com tudo
que há de mais moderno para o Grupo 2 da FIA. É um veículo de categoria
internacional.
Seu contrato com a Equipe Hollywood é de exclusividade, portanto,
Berta não poderá preparar outro Maverick no Brasil.
E não foi fácil, pois ele precisou de uma permissão especial
da Ika-Renualt para fechar com a Hollywood.
Berta disse ainda:
- Fizemos um motor em 1º estágio de preparação visando a
durabilidade. Reduzindo sua vida em 10 vezes, poderíamos ter conseguido outros
70 hp.
Já pensou!?
88 hp por litro + 70hp = 510hp!
Correio Braziliense 2.9.74 |
O motor do D4 seria igual ao do Maverick. Portanto, no mínimo existiram
2 motores como esse.
Retirada da internet. Não tenho a fonte precisa |
Vejam o interior do carro.
Tinha mesmo banco do passageiro
Será que foram removidos? Será que o banco do piloto
permaneceu o original? Será que o carro era inteiro de lata?
Folha de S. Paulo 29.8.74 |
São os 500KM de Interlagos. Prova considerada a mais
veloz da América do Sul, acontece no
anel externo de Interlagos.
Tite Catapani com o Maverick Berta-Hollywood é um dos
favoritos.
Folha de S. Paulo 31.8.74 |
O Estado de S. Paulo 1.9.74 |
No treino oficial ele garantiu a pole com 3 segundos de
diferença para o segundo colocado, o Maverick da Mercantil-Finasa-Ford guiado
por Paulo Gomes.
É muita diferença!!! De fato, o Berta-Hollywood era de nível
internacional e por melhor que os outros carros fossem, não poderiam chegar nem
perto.
O Globo 2.9.74 |
Vejam só, a diferença para o 2º colocado foi de 13 voltas
(156 – 143) e mesmo assim, Edgar Mello Filho, o vice ficou alegre com o
resultado. Está certo, ele fez a corrida que tinha pra fazer.
13 voltas na frente... Meu Deus!
Folha de S. Paulo 2.9.74 |
Jornal dos Sports 2.9.74 |
Folha de S. Paulo 3.9.74 |
Tite Flecha!!!
Quatro Rodas 10.74 |
Podemos notar que a frente, abaixo da linha de onde ficaria o parachoque recebeu mais duas entradas de ar
nessa corrida.
Quatro Rodas 10.74 |
A primeira foto dá até um desespero! O acidente aconteceu
pertinho do Berta.
Grand Prix 9 e 10.74 |
Foi a primeira corrida que o Berta Hollywood enfrentaria outros Maverick na mesma prova, juntos somavam 5.
Cada revista acrescenta uma informação a mais e isso é muito importante para conhecermos como tudo aconteceu.
Wilsinho Fittipaldi assitiu essa corrida pela televisão. Como assim? Em qual canal passou? Será que foi a corrida inteira? Outras dessas corridas também foram transmitidas?
Foi uma corrida bem longa para os carros da D3 e vários deles acabaram sofrendo com isso, mas o Berta Hollywood fez a pole, venceu, fez a melhor volta e bateu o recorde da pista.
Fatos e Fotos 19.9.74 |
Mais um ponto de vista dos 500 KM de Interlagos.
Essas fotos são maravilhosas!
Fatos e Fotos 19.9.74 |
Tite Catapani manteve o foco mesmo sabendo que tinha todas as chances de vencer.
Essa foi a primeira corrida do Maverick da Mercantil-Finasa-Ford na D3. Poderia haver uma boa briga, mas além de ter quebrado, o Berta_Hollywood sobrou.
Anísio Campos, chefe da equipe Hollywood disse: "Valeu a pena o dinheiro que gastamos na preparação desse Maverick, entregue a Oreste Berta. Fomos diversas vezes à Argentina,
testamos todos os componentes e ficamos algumas noites sem dormir. Mas esta vitória, que espero ser o início de uma série bem longa, compensou todos os esforços. Não sou
modesto em afirmar que temos um dos carros mais bem preparados do continente, assim como uma equipe com experiência, até internacional, para competir com muitas outras, incluisive
do exterior. Agora vamos pensar nas próximas corridas, porque nossa intenção é vencer sempre."
Fatos e Fotos 19.9.74 |
Muito boa essa foto do Anísio e do Greco.
Folha de S. Paulo 9.9.74 |
Diário do Paraná 29.9.74 |
Até então foram 2 corridas, mas só se falava no Maverick
Berta-Hollywood.
A próxima etapa é em Fortaleza – CE.
Diário de Pernambuco 30.9.74 |
Folha de S. Paulo 30.9.74 |
O Estado de S. Paulo 1.10.74 |
Jornal dos Sports 1.10.74 |
Diário de Pernambuco 6.10.74 |
Quatro Rodas 11.74 |
Auto Esporte 11.74 |
Auto Esporte 11.74 |
Auto Esporte 11.74 |
Aqui podemos ver que o carro tinha o número 11 no teto
Vitória!
Foi de ponta a ponta
Jornal dos Sports 10.11.74 |
Chegou a vez de Tarumã receber o Maverick Berta-Hollywood. É
uma corrida importante e pode decidir o campeonato a favor do Opala.
Folha de S. Paulo 13.11.74 |
Alguns quesitos foram adicionados no regulamento da prova
durante o campeonato? Bem em uma prova onde o mesmo poderia se definir? Porque
fariam isso?
O chefe da Equipe Hollywood, Anísio Campos, retirou a
inscrição dos seus carros e pediu a anulação da etapa que acabou deixando o
título com o Opala de Edgar Mello Filho.
Quatro Rodas 1.75 |
Olha aí o motivo da discussão:
Na véspera da competição, foi determinado que o combustível
deveria ser metade azul, metade aditivo. Impedindo o uso do combustível verde
de aviação.
Anísio Campos não concordou em usar o combustível do
autódromo por não conhecer sua octanagem. Ele denunciou que o regulamento não
estava sendo respeitado e pediu a anulação da prova.
A Quatro Rodas é de janeiro de 1975 e adianta pra gente que
a última etapa foi cancelada.
Havia um manifesto contra a CBA. Poxa eles estavam
complicando tudo!
Vamos ver melhor...
Diário do Paraná 8.12.74 |
Algumas matérias são atrasadas demais... Essa saiu no mesmo
dia da corrida... Isso acontece nos jornais, alguns desta pesquisa passaram por
isso, mas a gente consegue entender.
Havia expectativa por parte dos pilotos e equipes.
Edgar Mello Filho já era considerado o Campeão, ou seja, a
corrida de Tarumã não seria e não foi anulada.
Porém, vejam que situação. O Opala da Itacolomy-Safra, que
acabara de ser campeão naquela discussão em Tarumã, não iria correr a próxima
etapa pois havia ficado sem o seu piloto. Edgar Mello Filho deixou a equipe.
Jornal dos Sports 20.12.74 |
Mais uma notícia atrasada.
Confirmação do cancelamento da prova e que o Opala havia
sido campeão.
Eu não gosto de polêmica, mas eu acho que da forma que
aconteceu, fica feio... dá a entender que o Opala foi beneficiado.
Fim da temporada de 1974
1974
Campeonato Brasileiro de Viaturas de Turismo D3
DATA / CIDADE / AUTÓDROMO / CORRIDA / PILOTO / NUMERO DO
CARRO / POSIÇÃO DE LARGADA / CHEGADA / OBSERVAÇÕES
- 1º - Goiania – Não estava pronto – 0 pontos
- 2ª – 11/08 - Cascavel Estréia do Berta-Hollywood D3 – Recorde da pista, Pole / 6º. Vitória na primeira bateria. Pneu furou na segunda bateria. – 6 pontos
- 21/08 – Oreste Berta vai a Interlagos acompanhar os treinos.
- 3º - 01/09 - 500 KM de Interlagos / Anel Exteno – Tite Catapani - Vitória com 13 voltas para o segundo colocado. – 20 pontos
- 4º - 29/09 – Fortaleza / Virgílio Távora – Pole / Vitória – Tite Catapani - 40 pontos * disputa com Paulo Gomes Mercantil Finasa Ford que teve problemas mecânicos e abandonou.
- 5ª – 11/11 - Porto Alegre / Tarumã – Não participou. Anísio Campos retirou a inscrição de seus pilotos e depois pediu a anulação da prova.
- 6ª – 08/12 – São Paulo / Interlagos - CANCELADA.
PARTICIPOU DE 3/5 CORRIDAS / 2 VITORIAS / 1 VENCEU A 1ª E
ABANDONOU A 2ª BATERIA
1974 – 2º lugar na Divisão 3 Classe C
Correio Braziliense 21.12.74 |
Vejam só que interessante. Erguia-se uma grande equipe
contra a Hollywood: a própria Ford. Isso é bom demais para o esporte e para os
clientes!
Flávio Guimarães, o gerente de Relações Públicas da Ford
disse: “O Maverick de Itaim Bibi – bairro da oficina do Greco – andará mais que
o de Alta Gracia” – cidade da Argentina onde Oreste Berta tem sua base.
Cara, que legal!!! Esse clima de competição é maravilhoso.
Também era um sinal de que a Equipe Hollywood estava “incomodando” a Ford.
Correio Braziliense 11.1.75 |
Diário do Paraná 5.1.75 |
Anísio Campos fala do aproveitamento da Equipe em 1974.
Que ano agitado para a Equipe Hollywood! Nós queremos mais!!!
Realmente, a lambança que aconteceu na 5ª etapa e o
cancelamento da 6ª (última) prejudicaram e muito a Equipe Hollywood. O Maverick
poderia ter sido campeão.
Outra coisa apontada é o retorno em divulgação que a equipe
precisa oferecer ao seu patrocinador.
Eles fizeram um excelente trabalho. A imagem do Maverick
Berta-Hollywood até hoje é de “verdadeiro carro imbatível”.
Jornal dos Sports 21.2.75 |
O Cruzeiro 12.3.75 |
Mais um contrato garantido! Vai ter mais Equipe Hollywood
nas pistas em 1975.
A principal mudança é a do piloto. Tite Catapani vai correr
na Formula Super-Vê e Luiz Pereira Bueno comandará o Maverick.
Que ano agitado para a Equipe Hollywood! Nós queremos mais!!!
Muito obrigado pela atenção e fiquem ligados para a continuação.
Ford Abraço!
MAVERICK NA HISTÓRIA
A História do Maverick contada como você nunca viu!
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