Quase 10 anos se passaram desde o primeiro contato com a mulher mais sortuda do Brasil. Eu não deixei esse assunto parado, nesse meio tempo, muita coisa aconteceu nos bastidores dessa história incrível que você viu primeiro aqui no Blog.
Muitas pessoas mandaram mensagem dizendo que sabiam onde estava o Maverick, outros queriam mais detalhes, alguns ficaram incrédulos, começou meio que uma caçada ao Maverick perdido.... Mas no geral, as pessoas receberam muito bem essa pesquisa e hoje em dia é um assunto bem mais conhecido.
Eu trato esse assunto como o maior que já explorei, pra mim é uma satisfação enorme poder resgatar essa história e contribuir para que ela tenha a melhor continuidade de todas.
Acho que não vai ter jeito, vou acabar escrevendo um monte rsrsr mas é necessário.
Bom, para começar, reveja a história que já contamos sobre o Primeiro Maverick Fabricado no Brasil
Eu morava há 667 km da cidade de Irati e sempre ficava pensando como eu faria para chegar lá um dia e encontrar os Tucholski. O tempo foi passando, mas em 2019 recebi uma notícia que por pouco não me causa um ataque fulminante do miocárdio. Era o Cláudio Marochi, genro da dona Irene enviando a foto da Nota Fiscal do carro, a foto do emblema lateral exclusivo e também dizendo que eles tinham acabado de encontrar e comprar novamente o Maverick.
Sorte a minha estar sentado neste momento, ou então nem estaria mais aqui kkkkk
O Maverick existia! Ele tinha voltado para os donos originais! Eu tive envolvimento nisso! A história do Maverick estava em andamento mais uma vez!
O Claudio Marochi ainda disse que eles não tinham entrado em contato comigo pois achavam que eu poderia acabar encontrando e comprando o carro antes deles. Realmente, é sempre difícil pra eu explicar para as pessoas que contato, que a minha intenção é apenas histórica, mas isso faz parte. No final, estávamos todos felizes.
Os planos eram de restaurar o Maverick e aí sim fazermos uma grande matéria para o blog contando mais e mais detalhes. As coisas acontecem, mas nem sempre da forma que queremos. Somente no dia 09/11/2015 é que conheci essas pessoas incríveis pessoalmente.
Como cheguei lá
Eu não me importava mesmo de não ver o Maverick ainda, eu queria mesmo é dar um abraço na dona Irene, ela foi tão atenciosa comigo ao telefone da outra vez, que me fez querer muito conhecê-la.
Eu mudei pra Curitiba e nunca estive tão perto de Irati. Em agosto de 2024 e em setembro desse ano, tentei contato para marcarmos um dia para uma visita minha, mas não deu certo.
No dia 05/11/2025 enviei uma mensagem para o amigo Luir Dal Lago, grande incentivador para que além de que eu procurasse a respeito do sorteio do carro, também procurasse a ganhadora dele. Disse ao Luir que eu iria até Irati no domingo e como havia prometido, levaria ele. Ele topou na hora.
Para a minha surpresa, no dia 06/11/2025, a convite do amigo Carlos Albuquerque da Fábrica de Sonhos Garagem, tive o privilégio de participar da festa de 80 anos da Ford Slavieiro, a concessionária Ford mais antiga em atividade no Brasil e foi aí que deu o estalo ainda maior para tomar uma atitude mais contundente.
Eu já tinha a história e iria atrás de mais informações dela... então aproveitei um momento que estavam juntos o CEO da Slavieiro, o senhor Luís Antônio Sebben e o Diretor da Ford do Brasil, o senhor Pedro Resende para me apresentar e dizer que essa história seria de muito interesse para ambos, pois era um produto Ford de grande admiração no Brasil, além de ser um concurso que contou com a participação de 600 mil pessoas de todo o país e que teve o carro entregue pela Slavieiro, a aniversariante.
Eles ficaram interessados e a minha confiança de que o domingo seria um grande dia, só aumentou.
Saímos cedo de Curitiba rumo à Irati. Eu não havia comunicado ninguém. O Luir e eu estávamos lá para o quer der e viesse. Talvez não encontrássemos os Tucholski, ou chovesse muito, ou não pudéssemos ser recebidos... Mas a confiança que tudo daria certo é o que predominava. Parece que algumas coisas só acontecem se a gente não combinar kkkkk
Irati é um cidade pequena, onde praticamente todo mundo se conhece e já ouviram falar da história desse Maverick.
O Luir me levou para a casa do seu irmão Lary onde fui muito bem recebido. Foi uma surpresa para eles também, chegamos acordando a cidade inteira kkkkk
Após saber o que iriamos fazer, o Lary resolveu ir junto. Pra mim foi ótimo, além de boa companhia, ele conhece a cidade como a palma da mão.
Veja só, eu não tenho mais o número de telefone com o qual falei com a dona Irene em 2015 e não tinha o endereço.... Como chegar lá na cidade e encontrar eles?
Eu resolvi ir direto no mesmo endereço da nota fiscal do Maverick. Na imagem do Google Street View, na garagem da casa tinha um Maverick, então só podia ser lá mesmo.
Nem precisava! Descobri que em Irati, o seu Augusto Tucholski, marido da dona Irene é o Gutio e todo mundo o conhece. De uma forma ou de outra nós chegaríamos até ele.
Ao parar o carro na frente da casa, fiquei um tanto preocupado: O Maverick não estava lá....
Era por volta das 10 horas da manhã e quando toquei a campainha, comecei a sentir que estava incomodando... Não sabia quem ia aparecer e nem como eu ia explicar quem eu era e o que queria.
Fiquei muito feliz quando o Claudio saiu pela porta para nos atender, nós já nos conhecíamos pela internet então tudo ficou mais fácil.
Ele voltou pra dentro de casa e quando saiu disse que a dona Irene e o seu Gutio nos atenderiam em sua casa. Meu Deus..... Obrigado!!!!!!!
Chegou a hora e ali estávamos frente a frente com o casal Tucholski!
Que simpatia, animação e carinho! Abracei a dona Irene que é uma pessoa muito doce. O seu Gutio é uma pessoa falante, de riso fácil e uma voz poderosa, muito receptivo e bondoso.
Nesse momento entrei no modo bobão. Ainda bem que o seu Gutio começou a contar espontaneamente porque eu não conseguia pensar em mais nada kkkkkk
Da esquerda para a direita: Lary Dal Lago, Claudio Marochi, Irene Tucholski, Luciane Tucholski, Gutio Tucholski, Luir Dal Lago e eu, Juninho Fonseca
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| Seu Gutio, Juninho e Dona Irene |
Como é bom conversar pessoalmente! A internet é totalmente importante e se não fosse ela, não estaríamos aqui, mas nada superar conversar olhando para a pessoa ali na sua frente.
Eu contei o que passava pela minha cabeça enquanto procurava por eles e eles também contaram como reagiam a cada contato meu. Foi muito legal isso.
O seu Gutio falou muitas coisas, poxa vida eu poderia ficar ouvindo as histórias dele por muito tempo sem me cansar, mas sobre o Maverick, ele contou o que nenhum jornal publicou. Vou contar meio por cima dos pontos principais:
A Ford Slavieiro ficava há 600 metros da casa da dona Irene e desde que ela ficou sabendo do sorteio do Primeiro Maverick Fabricado no Brasil, sentiu no fundo da sua alma que aquele carro seria dela. Ela pedia ao Gutio, seu marido para ir fazer a inscrição pra ela, mas ele achava uma perda de tempo, que um concurso que envolvia o Brasil inteiro era impossível de ser ganho e que ele não ia deixar de cumprir suas viagens a trabalho para fazer a inscrição.
Era um clima de muita fé de um lado e um total pessimismo do outro, mas no último dia, o Chiquinho,
primo do seu Gutio apareceu e ficou resolvido que ele iria lá fazer a inscrição. Não sairia de graça, ele perguntou o que ganharia caso um deles fossem sorteados. O seu Gutio, sem esperança nenhuma em ganhar, disse que daria o Fusca que tinha. E assim a inscrição foi feita.
Enquanto isso, lá na Ford Slavieiro tinha um Maverick exposto e esse era o o Primeiro Maverick a chegar em Irati, foi comprado pelo pai do Luir, o senhor Orlando Dal Lago. O Luir disse que o carro não podia ser entregue para não ficar sem nenhum ali na concessionária e que durante um período, as pessoas achavam que aquele Super Luxo Azul Real metálico era o Maverick do sorteio.
Um fato desconhecido e que o seu Gutio só ficou sabendo muito tempo depois, é que o carro que levou os cupons do sorteio passou por grandes apuros. Veja só, ao chegar em Curitiba onde passou a noite, o motorista teve uma surpresa enorme ao chegar e ver que alguém havia arrombado o carro e revirado tudo em busca de algo valioso. O seu Gutio disse que os cupons estavam espalhados por todo o pátio. Imagina!? Graças à determinação do motorista de cumprir sua missão, os cupons foram recolhidos e chegaram ao destino correto.
O seu Gutio já era muito conhecido em Irati. Ele tinha e mantem até hoje uma loteria e, de sexta feira, viajava até Curitiba para levar as apostas. Sempre almoçava no mesmo restaurante e no dia 29/06/1973, a sexta feira do sorteio, a família Tucholski estava no lugar de sempre, vivendo normalmente, até que o telefone do restaurante tocou e mandaram chamar o seu Gutio. Era uma ligação da sua casa, avisando que a dona Irene havia ganhado o Maverick da Ford. Ainda incrédulo, ele achou que era uma brincadeira, não acreditava... até ouvia a gritaria e os fogos pelo telefone dos amigos comemorando, mas não se convenceu.
Quando voltaram para casa, o Pilão, tio dos Tucholski que trabalhava na Ford Slavieiro chegou para falar com eles e aí sim o seu Gutio acreditou. A dona Irene era só alegria, ela estava convicta, tinha certeza que o caro seria dela.
E assim aconteceu, o carro foi entregue numa ocasião muito especial no dia 15/07/1973, aniversário da cidade de Irati. O Toninho, então gerente da Slavieiro que participou da entrega do Maverick ainda mora na cidade.
Fizeram muitas viagens e sempre chamavam atenção de todos pois o Maverick estava chegando nas concessionarias e nem todos haviam visto um de perto ainda. Eles contaram sobre uma vez que foram no autódromo de Cascavel e quando olharam para o Maverick estacionado, ficaram impressionados com o tanto de gente em volta.
Eles aproveitaram bastante o Maverick. Ah e o Chiquinho que fez a inscrição, ganhou o fusca e andou bastante com ele, até que um dia acabou com o fusca num acidente.
A recompra do Maverick
O Maverick voltou para eles, mas vocês não imaginam o trabalho que deu!
Assim como chegava pra mim, para eles também apareceram um monte de gente dizendo saber onde o carro estava. O Claudio Marochi foi o explorador das estradas, cidades, matagais e tudo mais em busca de qualquer pista que tinham rsrsr
Resumindo, encontraram um dos donos seguintes e que ainda tinha o documento do Maverick, a partir daí foram seguindo o fio da meada. Não foi simples, e nessa altura do campeonato, a dona Irene e o Claudio já estava desistindo, mas o seu Gutio tinha a fé de uma dona Irene em 1973 kkkkk os papéis haviam se invertido.
Tem detalhes que não vou contar, mas depois de uns 4 anos e 5.000 km rodando na busca, finalmente o carro estava de frente a frente com eles novamente. O seu Gutio disse que bateu o olho no carro e o reconheceu na hora, logo o Claudio confirmou o chassis e o alivio tomou conta deles.
Negociação do valor, cartório, guincho, alguns dias depois e o Maverick estava novamente na fantástica Irati, com a sua dona sortuda e que tem um brilho único no olhar, a querida dona Irene Tucholski.
Tecnicamente, hoje o carro é do seu Gutio, ele até comprou outro Maverick para fazer 1 dos 2, mas hoje vê que não é necessário e ele nem quer mesmo fazer isso, pretende manter os dois. Mas olha, pra mim, esse carro sempre será da dona Irene viu kkkk
O Maverick não estava lá, não sei onde está e na verdade isso não me preocupa. O Primeiro Maverick Fabricado no Brasil está em boas mãos e eu confio plenamente no que eles farão durante essa restauração. Dei meus pitacos para manterem o maior nível de originalidade possível rsrsr e é claro, estou a disposição para ajudar como eu puder.
Enquanto eu ouvia a história, tive que interromper e perguntar: Mas espera aí, então vocês guardaram a nota fiscal com vocês e tiraram os emblemas escrito Primeiro Maverick Fabricado no Brasil antes de vender o carro? Essas pessoas que compraram o carro não sabiam de nada disso?
Sim, foi exatamente isso.
Esse com certeza foi a chave para que somente a família Tucholski pudesse identificar este carro corretamente. Foi muito sábio.
O Maverick em si:
Posso adiantar que é um Super Luxo na cor Turquesa Thaiti, e motor 6 cilindros.
Um pergunta que vem instantaneamente é se esse carro tem o chassis 00001. Falei sobre e vários outros assuntos sobre a produção do Maverick aqui e realmente não é. "Primeiro Maverick Produzido no Brasil" é um título simbólico, mas o emblema exclusivo que essa carro tem, o torna único e especial.
Quando esse carro estiver pronto... Vai ser demais!
Fui no endereço atual da antiga Slavieiro
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| fonte da imagem |
Um item que guardo há muito tempo e estava esperando esse momento para publicar, é esse folheto que pertence ao acervo do seu Baptista. Na época nós falamos muito sobre esse carro e toda a história. Contei a parte que eu sabia e ele mostrou o que eu nem imaginava que existia. Que saudade do meu amigo Batistão!
Ele é uma peça dobrável em 3 partes. Uma das coisas que achei mais interessante é que a primeira imagem só aparece neste folheto. Veja, é a única que aparece a roda do Maverick. E podemos ver que é a mesma calota daquele Maverick utilizado pelo Emerson Fittipaldi em 1972.
Isso é contexto! É assim que conseguimos entender a história, conhecendo todas as partes que como elas se encaixam. E tenho certeza que ainda tem muita coisa para descobrirmos.
Luir meu amigo! Muito obrigado por tudo! Lary e família, obrigado pela ótima recepção, foi uma prazer conhecê-los.
Claudio, obrigado pela paciência todos esses anos e por toda atenção em especial nesse dia. Nunca vou esquecer.
Dona Irene e seu Gutio... sem palavras... Eu quase chorei umas 3 vezes naquele dia e mais umas 5 enquanto lembrava e escrevia esse texto. Obrigado de coração e parabéns pela animação e força de vontade. Estou ansioso para receber a noticia de que o Maverick está pronto.
Que Deus continue abençoando todos vocês. Obrigado por tudo pessoal!
Amigos da Ford e da Slavieiro, tá aí uma história imperdível! 52 anos depois o Primeiro Maverick sorteado oficialmente pela Ford está na mesma cidade, com a mesma ganhadora... tudo documentado....Não consigo lembrar de outro caso desse. Daria até um filme! Não deixem essa oportunidade passar.
É isso pessoal, não temos todas as respostas e nem o Maverick AINDA, mas é um grande passo. Estou muito feliz e satisfeito. Pesquisas grandiosas como essa levam tempo e dependem de muita coisa, fico sempre procurando a melhor forma de fazer para continuar resgatando e divulgando o papel do Maverick na História. Essa é a nossa missão.
Obrigado à todos!
MAVERICK NA HISTÓRIA
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