sábado, 7 de janeiro de 2023

O Maverick do Tom Tjaarda

Em junho de 2017 tivemos a triste notícia do falecimento do Tom Tjaarda e acompanhado dela, a informação de que ele era o “pai do Maverick”.

Desde então tento entender como ele poderia ter sido o “pai do Maverick” e não ter nada registrado sobre ele escrito na história do Maverick.
Quando dizem que o Tom Tjaarda é o “pai do Maverick”, é no sentido de ter desenhado o carro. Tom Tjaarda foi um grande designer especializado em carros pequenos.

Em junho de 2020 eu fiz um vídeo onde explico e mostro que o Tom Tjaarda não participou da criação do Maverick.

Em julho de 2020 eu encontrei o responsável pelo desenho do Maverick, o homem que seria o verdadeiro “pai do Maverick”. Eu não estava satisfeito em apenas saber que o Tom Tjaarda não foi o autor dos traços que resultaram no Maverick, eu queria saber quem realmente foi, se é que seria possível saber o nome da pessoa, pois até então a informação que tínhamos é que os créditos dessa criação eram do departamento de Design da Ford.
Bom, dessa vez foi um site da própria Ford que disse ter sido o Virgil Exner Jr. o autor do desenho inicial que serviu de base para o desenho completo do Maverick.

Ótimo! Nós sabíamos o responsável e a “paternidade” do Maverick estava resolvida.

Eu, Juninho Fonseca, considero como PAI, aquele que idealizou, coordenou, se envolveu com a criação, propaganda e vendas. Esse homem foi o mestre Lee Iacocca.
Essa não é apenas uma constatação minha, o Iacocca era chamado assim na época pelos jornais e revistas, então de fato ele é o Pai do Maverick.

 

Ok, mas onde é que o Tom Tjaarda entra nessa história?

 


O site oficial do Tjaarda mostra que ele trabalhou no Maverick em 1974. Eu suspeitava que ele havia participado de algum projeto que envolvesse a modificação dos parachoques maiores. Isso nunca fez muito sentido na minha cabeça, mas era o mais próximo que eu conseguia pensar.

Em agosto de 2022 eu publiquei a pesquisa sobre as Clínicas feitas para definir o futuro do Maverick no Brasil. No final de 1977 a Ford brasileira começou os estudos para avaliar uma possível transformação do Maverick, para atualizar suas linhas.

Ora, se no Brasil, que no momento era o único país que ainda fabricava o Maverick existia essa visão de futuro para ele, será que isso não existiu nos outros 4 países que o produziram também?

Pois é meus amigos, vejam só:

 

 

https://www.hemmings.com/

Após perder o ar por alguns segundos depois de ver essa foto, eu, por conta própria, liguei uma coisa na outra e digo agora que essa foto é nos estúdios da Ghia e a data, 14/03/1974 bate com o que é apresentado no site oficial do Tom Tjaarda.

Portanto, pra mim, esse é o Maverick do Tom Tjaarda!


O que vocês acharam?

Está diferente, mas ainda sinto um pouco de Maverick nele, como na ausência de quebra vento, o porta malas curto, os vidros laterais e o traseiro e o fato dele ter a carroceria meio “arredondada”, “gorda”.
Ele tem o emblema MAVERICK na traseira e na lateral, além de outros dois emblemas que eu não consegui identificar.

É claro que ele não seria um fast back e que já passaria a adotar linhas mais retas e cantos quadrados.
No geral, achei um carro muito legal, não para o lugar do Maverick né J


Mas não para por aqui!

 

Fiquei muito empolgado em encontrar essa foto. Talvez eu já até tivesse passado por ela, mas não tinha visto direito. Comecei a pesquisar ainda mais e isso quase me causou um ataque fulminante do miocárdio.

 

Em agosto de 2021, foi lançado o livro: Tom Tjaarda: O Mestre das Proporções.

  


 

Olha o indicie:

  


E aqui a gente percebe o calibre deste grande profissional, é cada carro desenhado por ele...

Sobre o Maverick começa na página 288. Na página 291 já é outro assunto.

 

Como cantaria o Daniel: “prepare o seu coração, para as coisas que eu vou contar…”

 

 

 


 


 

A Proposta Ford Maverick

 

Embora Alejandro de Tomaso tivesse deixado a Ghia no início de 1973. "A Ford ainda não estava presente na gestão da empresa", lembrou Tom Tjaarda, "mas um pedido do estúdio de design da Ford veio para preparar uma proposta para um novo Ford Maverick. 

Tjaarda completou o modelo em tamanho real em 1975 de um cupê 2 + 2, como um substituto para a distinta e elegante versão cupê fastback de duas portas da primeira geração do Maverick, lançado em 1969, como modelo 1970. A Ford se referiu ao carro como um sedã de duas portas.

Embora as especificações do modelo de Tjaarda não estejam disponíveis, a ideia de redução de tamanho pode ter prevalecido, e o design final, nas imagens disponíveis, parece menor do que o Maverick de primeira geração. Era um carro bonito e bem proporcionado com sensibilidade de design europeu. A forma era a de um cupê fastback, com um perfil que lembrava o recém-lançado Volkswagen Passat (desenhado pelo amigo de Tom, Giorgetto Giugiaro), mas com pilares muito mais finos e uma estufa mais arejada e leve.

Com uma saliência traseira mais curta, mas uma saliência frontal mais pronunciada, era esportivo, mas elegante.

Na traseira, as lanternas verticais nas bordas externas tinham formato semelhante ao do Fiesta, desenho que contou com a considerável contribuição de Tom. Sua protosta para a dianteira estava conformidade com os requisitos regulamentares americanos. Com faixas horizontais simples para a grade e um para-choque preto fosco espesso, a frente era muito menos convincente. O conjunto organizado de aberturas de entrada de ar no para-lama abaixo da base dos pilares A e C forneceu algum alívio ao design.

Assim que o modelo em tamanho real foi concluído, ele foi enviado para Detroit. "Nunca foi exibido em um salão do automóvel internacional e usado apenas como uma proposta para futuros carros de produção da Ford", contou Tjaarda. Portanto, começava a era da Ghia fazer propostas de modelos para a Ford e de 1974 até a Ghia ser fechada de vez, centenas desses modelos estáticos foram feitos e enviados para Dearborn. Eu me envolvi em mais alguns antes de deixar Ghia no início de 1977".

Na página da esquerda:

DIREITA: Exceto pelos faróis retangulares padrão de estilo americano, a proposta do Maverick de Tjaarda era de estilo europeu.

EM BAIXO: A influência europeia do design é evidente na vista em 3/4 da traseira 

Na página da direita:

ACIMA: Pela lateral, o design pode ter vindo do lápis do Giugiaro

O restante não consegui ler.

 

  

Certo, vamos falar do carro primeiro.

 

É diferente do primeiro que vimos. Não achei um carro ruim, mas não senti nada de Maverick nele. Nem de frente, nem de traseira e muito menos na lateral algo me lembrou o Maverick.

 

Agora sobre o texto.

 

Minha tradução não é ao pé da letra, é mais uma intepretação do que tradução, ok? De qualquer forma, o texto original está aí, se preferir.
Entendi que foi entre 1973 e 1974 que a Ford pediu uma proposta para um novo Maverick. Este modelo ficou pronto em 1975.

Não é dito quantos modelos do Maverick foram feitos, mas todos os carros prontos eram enviados à Ford nos EUA para serem avaliados.
Nós temos aqui as páginas 288 e 289. Talvez a página 290 tenha mais alguma coisa sobre o Maverick, mas aí só mesmo comprando o livro para saber. Essas imagens fazem parte da divulgação do livro.

 

Essa pesquisa é muito relevante pois nos dá clareza e entendimento sobre:

 

  • Qual foi o envolvimento do Tjaarda com o Maverick;
  • O interesse da Ford no futuro do Maverick por encomendar uma proposta para um novo modelo;
  • Conhecido por imagens a proposta feito por Tom Tjaarda para o Maverick.

 

Podemos nos perguntar:

Se a Ford dos EUA já tinha um modelo pronto em 1974, porque a Ford do Brasil não usou ele ou pelo menos partiu seu projeto a partir dele?

Naquele período, a Ford pensava em criar uma plataforma universal para os seus carros, que veio a ser a Plataforma Fox, tendo o seu primeiro veículo a recebe-la, o Ford Fairmont em 1978. Essa plataforma era o futuro da Ford, o que colocava um fim aos carros feitos antes dela, exceto ao Mustang e Thunderbird... talvez mais um ou outro.

Bom, até a Ford organizar sua produção universal de veículos, cada filial tinha autonomia para desenvolver os próprios carros. A Ford do Brasil resolveu seguir outro caminho.

 

O modelo visto na primeira foto é mesmo do Tom Tjaarda? Será que ele aparece na outra página do livro?

Eu acredito que seja. As datas batem e isso já é o suficiente pra mim, porém, é apenas um achismo meu, não tenho certeza. O que tem na outra página do livro pode ser mais Maverick ou até mesmo uma página em branco... somente com o livro em mãos para saber.

 

 

Essa pesquisa me deu uma satisfação enorme! Minha função de informar não é apenas replicar o que é falado por aí. Desde o início eu achei muito estranho essa história do Tom Tjaarda ser o Pai do Maverick. De lá pra cá, fiz várias pesquisas e hoje sabemos que o Pai do Maverick é o Lee Iacocca, que o desenho do qual teve origem o Maverick foi feito pelo Virgil Exner Jr e que o Tom Tjaarda trabalhou em uma proposta de novo Maverick no ano de 1974.

Todos esses assuntos têm comprovação e todas as pesquisas estão aí para quem quiser consultar. É uma pena que mesmo com tanta informação correta, nas rodas e conversas o que ainda reina é a desinformação.

 

Esse é mais um assunto exclusivo que você viu aqui primeiro.
Obrigado pela atenção. Ford abraço!




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