1975 foi um ano bastante
movimentado. A Ford estava com foco na recuperação das vendas do Maverick e
também pensando em seu futuro.
Devemos lembrar que a clínica que escolheu o Maverick, aconteceu 2 anos antes de seu lançamento. A que
veremos agora teve seu resultado no mesmo período (1977). Mas o foco é 1975 e
este acontecimento foi um divisor de águas para o Maverick.
Antes de ver as fotos, vamos começar entendendo melhor como
aconteceu a Clínica. Lembrando que é importante ter lido as outras pesquisas
dessa série para que o seu entendimento seja completo. Veja aqui.
Essa é a 4ª parte da série sobre as mudanças que ocorreram
durante 1975.
Quatro Rodas 10.75 |
A matéria fala do Corcel e do Maverick, mas vou separar somente a parte do Maverick.
Quatro Rodas 10.75 |
As vendas do Maverick caíram mais da metade se comparado ao mesmo período do ano anterior. Mudanças tinham que acontecer.
Lemos as novas características dos modelos.
Uma ficha técnica do GT circulou na pesquisa. (Somente com
informações do motor V8)
“Pintura externa era gelo” – Será que era uma cor, ou era
apenas o branco da linha Maverick?
Mais para frente veremos melhor, mas o Maverick branco na
foto é o identificado pela letra C
Pega ladrão!
O pessoal da Quatro Rodas estava de olho nas atividades do
IPOM – Instituto de Pesquisas de Opinião de Marketing. Parece até coisa de
filme. Tiveram que subir no telhado para fotografar. Foram muitas fotos, até
que os guardas os viram. Conseguiram fugir disfarçadamente pela rua.
As fotos que tiraram lá do telhado, são as que ilustram a
matéria. O desenhista Ênio Araujo foi convidado e pôde desenhar os carros com
detalhes.
Que demais!
A Pesquisa
O galpão tinha 13 carros ao todo.
10 deles ficaram alinhados, 5 de cada lado, frente a frente.
Cada carro era identificado por uma letra. Não haviam
emblemas com nome do carro ou marca.
No caso do Maverick (de acordo com a revista):
C –
Maverick Super Luxo 1977
T –
Maverick atual (1975)
L –
Maverick GT 1977
V –
Maverick Super 1977
(Depois vamos comparar com outras fotos)
Conforme a primeira descrição e foto da revista, a posição
era essa:
Corcel coberto
|
|||
Opala
Cupê
|
Corcel 1977
|
||
Brasilia
|
Chevette
|
||
Maverick
C 1977
|
Maverick T 1975
|
||
Corcel
1976
|
Passat
|
||
Corcel
coberto
|
A cada etapa da avaliação, o convidado respondia a um
questionário. Tudo era feito metodicamente. No final, o convidado recebia uma
garrafa de vinho “Três Cavaleiros”.
Perfeito, a revista está disponível há muito tempo, muita
gente já viu. O que temos agora é mais uma cortesia do Sr. Baptista, ao qual eu
agradeço grandemente quantas vezes for preciso. São as fotos dessa Clínica!
Maverick T
Ao lado um Chevette
Uma posição mais à frente
Chevette ao lado esquerdo; Brasilia na diagonal à frente; Opala cupê ao lado da Brasilia
Em outra sala ficaram os outros Maverick 1977 – V, K e L
Maverick L GT 1977
Maverick K Super Luxo 1977
25 – Maverick V LDO 1977
Interior do Maverick LDO 1977 – Atenção para a
costura do banco e cor do tecido, espaço reservado para o emblema no porta
luvas e forro de porta com detalhe branco.
Interior do Maverick LDO 1977 – costura do banco e cor
do tecido, desenho dos botões de acionamento do limpador de parabrisa e farol.
Maverick (de acordo com as fotos):
C – Sem foto
T – Maverick atual (1975)
L –
Maverick GT 1977
K –
Maverick Super Luxo 1977
V – Maverick LDO 1977
Há divergência com a letra C e a V. Entendi que haviam 5
Maverick. Um modelo atual e os 4 novos: Super, Super Luxo, GT e LDO. Com os 10
carros enfileirados, ficaram o atual (T) e o Super 1977 (C). Em separado
ficaram o GT 1977 (L), Super Luxo 1977 (K) e o LDO 1977 (V).
A revista se perde ao falar do C. Não temos a foto do C,
como dos outros, somente coberto, mas a revista mostra claramente sua presença
no salão com os 10 carros.
E o resultado da
Clínica, tem também?
Mas é claro!
Outubro de 1975
Assunto: Clínica para aceitação do produto Maverick / Corcel
1977
O objetivo era determinar a aceitação dos novos modelos do
Maverick – LDO e GT. Determinar a extensão da substituição do Corcel 1977 pelo
Maverick. A clínica aconteceu durante os dias 5 e 13 de setembro de 1975.
Responderam à pesquisa compradores de carros novos.
·
O Maverick 1977 teve maior preferência sobre o
modelo de 1975. Destaques para grade, lanternas e espaço interno. Não
demonstrou substancial crescimento frente ao Opala.
·
LDO e GT foram bem recebidos. Gostaram das
entradas falsas de ar do capô do GT, mas desaprovaram o material de cobertura
do assoalho. Gostaram do interior do LDO, mas reprovaram as cores dos forros de
porta, estofamento e cor das calotas.
·
Praticamente não há substituição do Corcel 1977
pelo Maverick 1977. (Entendo como: Não há indícios que o Corcel 1977 deva
substituir o Maverick 1977)
·
Em termos de preferência de compra, o Corcel
1977 é mais fraco do que a clínica de maio de 1974 mostrou, sem nenhum
incremento contra o Corcel 1975. Overseas Marketing Research foi a
mesma empresa que fez a Clínica do Maverick em 1971.
Propósito:
Determinar a aceitação do
Maverick 1977 sobre o Opala 1975 e sobre o Maverick 1975. Avaliar o Maverick
LDO e GT 1977 e determinar a provável substituição do Corcel 1977 pelo Maverick
1977
Principais descobertas:
·
O Maverick 1977 é substancialmente preferido
sobre o Maverick 1975. Mudanças na grade, lanterna e espaço traseiro foram
reconhecidos como melhorias. Porém, as mudanças não resultam em nenhum aumento
substancial sobre o Opala.
·
LDO e GT foram muito bem recebidos. Vários
aspectos do interior do LDO foram muito avaliados. O detalhe do forro de porta,
cor das calotas e cor do estofamento foram mencionados como desagradáveis. Os
itens do GT: Capo, performance, aparência frontal, posição dos instrumentos e
controles e esportividade foram elogiadas. O tipo de material que cobre o
assoalho foi avaliado negativamente.
·
Não há provável substituição do Corcel 1977 pelo
Maverick 1977
·
Não há evidencias que a série básica do Maverick
é fraca em relação a série Básica do Opala e a “versão topo de linha” do Maverick
é relativa a “versão topo de linha” do Opala.
·
Em relação a última clínica (maio de 1974) a
preferência de compra pelo Corcel 1977 é menor entre os “compradores” de Corcel
1975 e os concorrentes. O preço do Corcel 1977 pode ser o motivo.
·
Em uma linha de produtos incluindo o Corcel
1975, Corcel 1977 e Maverick 1977 a preferência de compra pelos produtos da
Ford aumentou para 43% contra 33% de uma linha de produtos apenas com o Corcel
1977 e Maverick 1977.
Resumo das conclusões
I.
1977 Maverick Super e Super Luxo
8 carros serão avaliados: Maverick 1975, Maverick 1977,
Corcel 1975, Corcel 1977, Opala, Passat, Chevette e Brasilia. Metade das
pessoas vão avaliar os carros básicos e a outra metade, os carros topo de
linha. Será dividido em três partes:
- “prospects” – Vamos
entender como pessoas que compram. Então temos 3 grupos: Os Compradores de
Maverick, Os Compradores de Opala e Os Compradores de Corcel, Passat, Chevette
e Brasilia. (C, C/D)
A.
Avaliações do Maverick 1977 (básico e topo)
B.
Onca (Corcel 1977) substituição pelo Maverick
C.
Comparativo de forças e fraquezas dos modelos
Maverick
Avaliações do Maverick 1977
Preferência pela compra – O Maverick 1977 teve maior
preferência de compra frente aos outros carros.
Avaliações gerais – A avaliação geral é um bom indicativo
para a preferência pela compra. O Maverick 1977 foi melhor avaliado que o
Maverick 1975.
Avaliação do Exterior – As mudanças exteriores feitas no
Maverick 1977 refletiram favoravelmente. Grade, aparência geral da traseira e
lanternas chamaram mais atenção. Entre os compradores de Opala e C, C/D,
aparência geral externa teve apenas um pequeno ganho.
Os compradores de Maverick avaliaram positivamente o
Maverick 1977 sobre o Opala em quase todos os itens. A maior exceção foi a
substancial deficiência no tamanho do vidro traseiro. Os compradores de Opala avaliaram
positivamente o Opala sobre o Maverick 1977, exceto na aparência da grade. Onde
o Maverick tem uma leve vantagem.
Avaliação do interior – A melhoria do espaço do
compartimento traseiro do Maverick 1977 refletiu em pequeno ganho entre os
compradores de Opala. Os compradores de Maverick avaliaram o banco traseiro com
conforto levemente melhor que o do Maverick 1975.
O Maverick continua com deficiência no espaço interno
traseiro mesmo após as melhorias.
Tamanho do exterior e interior – Ok, aqui os resultados
variam entre o tipo de carro que os avaliadores querem.
Imagem projetada – Os compradores de Maverick avaliaram
igualmente Maverick e Opala nas seguintes imagens:
Um carro para mulher;
Um carro para uso em família e
Bem proporcional.
Os compradores de Opala avaliaram igualmente Opala e
Maverick nos itens:
Forneceria proteção em um acidente;
Um carro que tem estabilidade e
É luxuoso
C,C/D avaliaram Opala e Maverick com algumas diferenças.
Melhor para o Maverick:
Um carro que tem estabilidade
Aparência esportiva
Melhor para o Opala:
Um carro para uso em família
Bem proporcional
Um carro que eu gostaria de ter.
Relativo posicionamento dos carros - pré-clínica – Antes de
entrar na clínica, os convidados posicionaram 7 carros. O Galaxie significava
10 e o VW 1300 1. O Opala marcou 7.7 e o Maverick 7.3.
Percebemos aqui que faltam partes do documento.
Provavelmente, faltam mais fotos também.
Bom, pelo que vimos, o Maverick 1977 tinha um grande
potencial em relação ao Maverick 1975, mas pouca vantagem sobre o Opala. É
claro que a Ford iria melhorar os pontos avaliados negativamente, mas no geral
o Maverick é visto mais como um carro de aparência esportiva do que um carro
para uso em família. Ela precisaria alinhar a imagem do Maverick com o a imagem que os consumidores tinham sobre a respeito dele.
Embora eu não tenha nada sobre a clínica de maio de 1974
feita com foco no Corcel, podemos notar que desde o início, o projeto do novo
Corcel não agradou tanto como deveria. Na pesquisa que lemos agora, vimos que
eles não encontraram motivos para que o Corcel 1977 substituísse o Maverick
1977. O verdadeiro “carro chefe” das vendas da Ford era mesmo o Corcel (1).
Acredito que cada década tem um estilo diferente. Os
veículos, o cinema, as roupas, a música, o comportamento... tudo muda de 10 em
10 anos e aí está um grande desafio para lançar um automóvel de sucesso de
vendas, pois as pesquisas começam bem antes e quando o carro chega, talvez não
seja mais o que o público espera. O inverso também pode acontecer e foi o caso
do novo Corcel que quando foi lançado em 1977 passou a vender muito. Coisa que
ninguém acreditaria em 1975.
Bom, são diversos fatores que influenciam a compra de um
carro.
Quando lemos sobre o Corcel II substituir o Maverick, imediatamente temos o entendimento que um sairia para a chegada do outro, mas não podemos deixar de levar em consideração que a Ford talvez quisesse saber se lançando um carro novo, ele não estaria passando por cima de outro carro já existente.
Lembrando que nos EUA, o Maverick e depois o Pinto, foram posicionados estrategicamente cada um em sua faixa de mercado para que um não tirasse o comprador do outro e nem do Mustang.
Como vimos, o Corcel II não apresentou vantagem nem mesmo sobre o Corcel 75, o que indica que não seria um bom lançamento, mas também mostra que ele não invadiria a faixa de mercado do Maverick 77, pois também não mostrou vantagens sobre ele.
É interessante que nós só estamos discutindo essa questão de substituição porque temos o documento da Clínica, um material sigiloso, pois não encontrei em revistas ou jornais, alguém que levantou essa possibilidade ou ideia.
Mediante a isso e todas as melhorias previstas para o Maverick, eu sou levado a crer que a Ford não tinha objetivo de tirar o Maverick de linha e colocar o Corcel II em seu lugar.
A Ford tinha um dor de cabeça para resolver, o seu novo Corcel não agradou tanto assim. E agora? Desistiriam? Mudariam alguma coisa? Seguiriam em frente mesmo assim?
Uma coisa que me intriga bastante é saber o que acontecia
com esses carros após essas clínicas. Eles tinham plaqueta de identificação?
Voltavam a ter a aparência dos modelos atuais e eram vendidos? Ficaram
guardados até 1977? Foram totalmente desmontados e as peças voltaram para o
estoque?
Quem sabe um dia nós encontremos essas respostas.
Interessante compararmos a, até então, provável linha 1977
com o que foi apresentado na Quatro Rodas de abril.
Em abril, havia dúvida sobre o modelo do teto de vinil. Aqui
não foi falado de teto de vinil.
Em abril, as lanternas traseiras eram as mesmas, assim como
a grade e seu emblema. Agora são lanternas novas, nova grade e emblema.
O ponto chave que liga tudo, é a calota. No desenho de
abril, ela é exatamente igual como vimos nas fotos de agora. Isso me dá a
certeza de que aqueles desenhos tiveram sim uma fonte real e não saiu da
imaginação ou descrição de alguém. Talvez uma foto desse dia apareça.
Talvez o interior do LDO, seja uma tendência influenciada
pelos conjuntos de aparência que vimos no Boletim Nº105. or branca/bege no
assento dos bancos e forro de portas.
É como se em 1975 o Maverick tivesse renascido: Nova
mecânica, novas opções de cores e interior, suspensão melhorada, apelo
econômico... Um novo Maverick.
Folha de S. Paulo 26.6.75 |
Bom, essas diferenças mostram o ritmo que a Ford estava trabalhando.
De abril para setembro ela tinha alterado bastante coisa e até o final de 1976 quando a linha 1977 foi apresentada no salão do automóvel, mudou ainda
mais.
Gostaram? A próxima pesquisa vai mostrar mais um Boletim e
vai encerrar a série sobre as mudanças durante 1975. Não perca!
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MAVERICK NA HISTÓRIA
A História do Maverick contada como você nunca viu!
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