sábado, 25 de junho de 2022

1978 - O Ponto sem Volta

Sobre o ano de 1978, podemos dizer que o mundo já não era mais o mesmo. Essas mudanças começaram em 1977 quando os efeitos da crise do petróleo mudaram a forma do brasileiro consumir, quando novos carros com linhas mais atuais começaram a aparecer e também por ser no Brasil o único país onde o Maverick ainda seria fabricado.

Vamos ver e analisar como esse turbilhão de bruscas mudanças atingiram e tiveram efeito em nosso querido Maverick e em sua mãe, a Ford.






2.1.78 Jornal do Brasil


A Ford confirma que 1977 foi um dos piores anos para a indústria automobilística.
O presidente da Ford, Joseph O’Neill diz que os preços dos automóveis estão bem abaixo das tabelas divulgadas.
A maioria das empresas perderam dinheiro. A entrada da Fiat, fez a fatia de cada empresa fica menor. A indústria também sofreu restrições de crédito e ao financiamento dos consórcios, além dos aumentos do custo do material, por causa da elevação de preço nas peças e componentes.
Para 78, a previsão de O’Neill é que as pessoas troquem de carro e partam para o Corcel II.
O’Neill considerou que o problema está no mercado de utilitários e caminhões leves, que teve queda de 53%.
O presidente diz que mesmo com os aumentos dos preços dos carros, são tantos descontos dados que os carros acabam saindo com o preço antigo.

Ele fala também que o prejuízo da Ford em 1977 ficaria menor do que 300 milhões de cruzeiros. O motivo foi o primeiro semestre de 1977 que foi o pior período da indústria montadora.

 Que situação!

Toda aquela preocupação com a economia que vimos em 1977, cai agora sobre a cabeça das montadoras. A Ford enfrentava um situação complicada, mas tinha esperança no Corcel II e com um nova linha de caminhão pesado.




Diário da Manhã 1 e 2.1.78

Pneus!

Como já tínhamos visto, a adoção dos pneus radiais melhorou e muito o comportamento, a segurança e economia de combustível dos carros brasileiros. O Maverick passou a ter no modelo 77 a suspensão recalibrada para receber esses pneus. 


Manchete 18.2.78


Mais uma vez a Ford, que completava 75 anos no Brasil, mostrava os pontos fortes do Maverick.

Quem teve o privilégio de dirigir um Maverick em bom estado, sabe que essas informações são fiéis. Já mostramos aqui no blog muitos dos testes onde não só o carro como um todo passava, mas também em partes, como fechaduras, portas, cambio...

De fato, o Maverick tem estrutura e resistência para enfrentar os mais diversos desafios.


Diário do Paraná 17.3.78

Leu? Leia outra vez. Pronto, agora leia apenas mais uma por favor.

Nós vimos uma tabela parecida com essa sobre o lançamento do Maverick nos EUA. Ele superou o Falcon e o Mustang em número de vendas em menos tempo.
No Brasil, pelo menos até fevereiro de 1978, o Maverick era o 3º carro de melhor lançamento considerando os números de venda. O 3º carro a ser lançado que vendeu mais em menos tempo (primeiros 6 meses). 

“ As estatísticas indicam que são os seguintes os veículos com maior sucesso, no Brasil, seus primeiros meses de participação no mercado: ”

3 – Maverick 18.353 unidades.

Nós precisamos falar muito disso, pois o Maverick quando incluído no diálogo de pessoas que não conhecem sua história e mesmo assim querem falar como se soubessem de tudo, sempre é taxado como um fracasso total e de até coisas piores.

Veja essa lista:

Corcel II
Brasilia
Maverick
Passat
Fiat (147)
Chevette
Dodge 1800

Quem ficou de fora, e foram muitos carros, venderam menos do que 1.071 unidades por mês. Mas o fracassado é o Maverick né? Ah, faça-me o favor....

Acredito que essa tabela necessita de verificação para confirmar se realmente envolve todos os carros lançados até então ou se abrangeu apenas um período, porém mesmo que sejam apenas entre os lançamentos da mesma geração, também é valido pois as circunstancias de uma época distante não são as mesmas depois de um tempo.

Dos 7 carros, 4 deles eram os modelos de entrada de suas montadoras. Nessa conta eu não incluo a Brasilia e o Passat, por considerar o Fusca como o modelo básico. O Maverick era o carro médio da Ford, com preço superior a qualquer outro da lista e mesmo assim, mas não só por questão do preço, ficou em 3º lugar.

Você sabia disso? Saber isso mudou a sua visão sobre o Maverick?

Outra coisa que podemos perceber, é que se na Clínica de1975 onde ficou constatado que o lançamento do Corcel II não teria efeito considerável sobre as vendas da Ford, em 1978 estava mais do que claro que o Corcel II poderia levar a Ford praticamente sozinho com seus incríveis números de venda que vinha atingindo.

O que você faria no lugar da Ford? Daria sequência para a tendência do futuro que já caiu no gosto do mercado (Corcel II), ou travaria uma cruzada para mudar a cabeça do consumidor para fazê-lo continuar acostumado e envolvido com o que já tinha (Maverick)?

Quem dá mais lucro vai ter a preferência na maioria das vezes.

Fiquei muito feliz de encontrar esse jornal, ele confirma o que eu já vinha pensando sobre essa fase de transição Corcel II / Maverick.


A Tribuna 21.3.78


Eu pensei bem se colocaria essa reportagem aqui, mas coloquei pois as pessoas precisam entender que não foi apenas o Maverick que sofreu com preço, com dificuldade de venda... Era uma característica do mercado que atingiu todo o mercado, alguns carros mais que outros, mas todos estavam envolvidos.

Também podemos ver que a onda de acessórios vinha forte e seria um apelo a mais para vendas.


Diário do Paraná 31.3.78


Linha Ford de volante novo.

Falamos um pouco disso na pesquisa sobre as Leis que mudaram o Maverick.

Era questão de segurança ter um volante que se deforma em caso de impacto contra o peito do motorista. Todos os modelos do Maverick passaram a ter esse volante.

Embora não tenhamos a data certa dessa mudança, podemos dizer que foi no início de 78. Portanto não são os modelos 78 que possuem esse volante, pois o modelo 78 teve início em setembro de 1977.

O jornal também dá as cores para 1978:

Bege Champanhe Metálico
Prata Régio Metálico
Verde Plaza Metálico
Laranja Califórnia
Azul Olímpico
Azul Ultramarino
Vermelho Fiesta
Amarelo Carrera
Bege Atenas
Preto Bali
Branco Nevasca

Saber os nomes das cores é muito importante, mais importante ainda é saber seus respectivos códigos de identificação. 

O Globo 27.4.78

Eu já tinha publicado esse jornal há muito tempo na página do Facebook. De um tempo pra cá, outras fotos desse carro ganharam destaque na internet com as pessoas acreditando que era um modelo quase que de linha ou oficial da Ford, um carro especial que deveria ser encontrado e preservado e tal...

Ora, podemos ver que era um projeto pessoal de um dono de oficina do RJ. Apenas isso. Embora tenha ficado muito legal e ele ter feito o corte da carroceria de uma forma bem distinta, esse Maverick era mais um caso de transformação que as pessoas faziam.

As pessoas criam fantasias por não saberem a real história ou por querer ocultá-la e influenciar maldosamente as pessoas.

 

Diário de Pernambuco 7.5.78

Enquanto isso em Pernambuco, a concessionária Cidar, em nome da Ford, entregava motor e ferramentas ao Senai. Legal ne? Fazia parte de um programa de doação da empresa que ajudava muito nos cursos de mecânica do Senai.


Diário do Paraná 12.5.78

Nova tabela de preços.

Se não me engano, o Maverick LDO sempre foi mais caro que o Maverick GT. Considerando todos com o motor 4 cilindros, que era o motor de série.


O Estado de S. Paulo 20.5.78

Como vimos em 1977, as greves passaram a fazer parte do cotidiano das empresas. Era mais um obstáculo para a produção e aumento dos custos dos veículos. O Tribunal Regional do Trabalho declarou a greve ilegal, mas não fez com que ela acabasse.

Na Ford eram 9.800 funcionários em greve! Como que trabalha desse jeito?

E o Luís Inácio da Silva estava envolvido como o presidente do sindicato sempre recusando as ofertas de negociação das empresas.

O ABC é um grande polo da indústria nacional. A greve não fez apenas as montadoras pararem ou diminuírem suas atividades, fez também que as outras empresas que fornecem materiais para as montadoras também tivessem complicações em suas produções. Todos eram afetados, mas eram nas montadoras que a bomba realmente estourava.

Com isso, cada dia que a produção da Ford fica parada, são cerca de 520 Maverick e Corcel II a menos no mercado.

Terrível!

O jornal explica como funciona e qual a importância da ferramentaria dentro de uma fábrica de veículos. Foi nesse setor que as greves começaram...

As autoridades estão de olho e preocupadas com a situação das greves, mas não interviram mesmo as greves tendo sido consideradas ilegais pelo TRT.
Foi interessante ver o General do Exército dizendo: “estou sentindo um início de atividades nesse setor que poderá tomar uma escalada que venha a prejudicar o problema da segurança. ”

Pois é... essa escalada foi tão grande que, anos mais tarde, não atrapalhou apenas a segurança, mas a política, saúde, educação...


Manchete 20.5.78

Tenho pra mim que o Maverick não foi compreendido até hoje. Claro, não existe unanimidade, mas o que percebo é que foram realmente poucas pessoas que formaram sua opinião sobre o Maverick com fatos e experiências concretas, pois a maioria vai na conversa dos outros.

Um exemplo envolve justamente a suspensão. Mesmo com as revistas de época dizendo que o Maverick era estável, tinha comportamento um tanto quanto previsível e a tendência de sair era dianteira, ficou na cabeça e conceito geral das pessoas, que o Maverick não tem estabilidade e em qualquer esquina ele vai rodar de um jeito que você motorista, vai conseguir ver a placa traseira dele.

É por isso que quando eu publico esse tipo de informação que a Ford passava, as pessoas comentam o que elas acham e aprenderam com os amigos de bar, perpetuando a má fama, as lendas e fantasias sobre o Maverick.

A Bíblia diz em Provérbios 18:13: “Quem responde antes de ouvir mostra que é tolo e passa vergonha”.

Não passe vergonha nem demostre tolice. Apenas leia e se informe antes de dizer alguma coisa.


Esse desenho da suspensão é muito legal ne? Olha aqui de onde ele saiu:

 

Acervo Cassio Pagliarini

Ainda tem muita coisa sobre o Maverick pra gente ver e conhecer J




Diário do Paraná 27.5.78

A perua Maverick. Demos destaque a ela nessa pesquisa aqui.

O projeto dela teve início em 1976 e agora em 1978 começava a ser posto em prática.
Assim como aquele Maverick Pick Up que vimos mais acima, não era um produto da linha Ford.


Manchete Esportiva 30.5.78

É ano de Copa e a Ford cedeu um Maverick para o pessoal da revista Manchete fazer a cobertura na Argentina.

Bom, vai interferir a ordem cronológica, mas vou colocar tudo junto aqui:


Manchete 10.6.78

Parece um Super Luxo.

Podemos dizer que é a mesma foto, só que com poses diferentes rsrsr

Manchete Esportiva 27.6.78


Aqui o Maverick já tinha perdido uma calota.

Eles saíram do Rio de Janeiro com destino a Buenos Aires. Deve ter sido uma viagem muito legal.


Manchete 8.7.78


Agora a calota que falta é do outro lado rsrsr. De fato, era um Super Luxo.

O Maverick fez a viagem sem incômodos.

Procurando mais sobre isso, encontrei este blog com mais detalhes e fotos. A Ford fez uma permuta com a revista. Ela garantiria veículos para a logística da equipe e em troca deveriam falar sobre o Maverick.

Excelente negócio!



Diário do Paraná 23.6.78


75 anos da Ford no Brasil!
A Ford é realmente gigantesca e tem uma história que nunca será apagada.
O Maverick não foi citado no quadro atual da empresa, o destaque merecidamente é mesmo do Corcel II.


Diário do Paraná 2.7.78

Mais aumento de preço...


Diário do Paraná 14.7.78

Olha só quando começou essa história de não poder alterar as medidas originais de pneus e rodas...


Manchete 16.7.78

A Ford não deixou o Maverick de lado, continuou a falar de suas qualidades. Aqui vemos sobre o câmbio, conforto, direção, motor e outras coisas.

 

O Estado de S. Paulo 16.7.78

Até então, o ano de 1978 têm vendido mais carros do que 1977.

A explicação para isso?

As pessoas que não compraram carro antes com medo das restrições por causa da crise do petróleo ficaram com o dinheiro parado e agora que o governo não falou mais em conter o crescimento, as pessoas foram comprar os carros, que atualmente é o melhor investimento, superando a poupança e o mercado imobiliário. Além do mais, os carros ficaram mais econômicos e isso atraiu as pessoas a comprar.

Sobre a Ford, é dito que o Corcel II contribuiu com 36,10% do superávit da empresa no ano, porque ganhou o mercado do Maverick, que caiu 40% no primeiro semestre em comparação com o mesmo período de 1977.

Pois é, embora no início de 1969 nos EUA ainda houvessem dúvidas, o Maverick foi estrategicamente lançado para não “roubar” compradores do Mustang, assim como foi também o lançamento do Pinto, para não entrar em choque com os seus irmãos.

No Brasil sempre ficou muito claro a posição do Corcel e do Maverick, mas o Corcel II evoluiu de uma forma que já se confundia com o Maverick. Vemos os números de vendas e o que o jornal diz e comprovamos que realmente o Corcel II se intrometeu nos negócios do Maverick.

Com o que vimos sobre a Clínica de 1975, podemos dizer que não era a intenção da Ford trocar o Maverick pelo Corcel II. Quem empurrou o Corcel II para o espaço do Maverick, foi justamente o mercado.

A Ford era a 3º maior montadora no Brasil.


Diário do Paraná 28.7.78

Olha o Corcel II... pode atingir a marca de 100.000 carros produzidos em apenas 10 meses. Você acha que isso foi um ponto fora da curva ou que era comum com todos os carros no Brasil?



16.8.78 O Globo

O Corcel II atingiu mesmo as 100.00 unidades produzidas exatamente 10 meses após ter sido lançado.

Joseph O’Neill diz que a Ford tem interesse na produção de um carro pequeno, mas nada está aprovado ainda.

Jornal de Caxias 19.8.78


Olha aí, parece noticia atual (2022). A gasolina havia passado de 7,40 para 8,60!
Agora para encher o tanque do Maverick, custa 440,00.



21.8.78 Correio Braziliense


Os holofotes estão voltados para o Corcel II.
70% dos veículos produzidos pela Ford, são de Corcel II.

Realmente fantástico, mas quero chamar atenção para o quadro abaixo, que mostra a força com que Joseph O’Neill chegou na Ford e colocando a casa em ordem e, também fala sobre o que o consumidor procura num carro.

O jornal diz assim: “... o consumidor brasileiro tem um comportamento próprio. Se ele não analisa bem os detalhes mecânicos ou compara preços, opcionais e os elementos integrantes do custo do veículo, ele sabe o que quer: um veículo bonito, resistente e econômico. ”

O grande trunfo do Corcel II era ser novo e moderno, tinha linhas atuais e que já eram aguardadas ansiosamente pelos consumidores. O restante não importa, é bonito, gasta pouco, então eu quero. Esse era mais ou menos o pensamento.




O Jornal 21.9.78



Diário do Paraná 22.9.78

Sobre os Maverick que foram para a Guatemala, nós falamos aqui. Dá uma olhada depois.


O Estado de S. Paulo 24.9.78

Jornal importante!

É dito que talvez esse seja o último ano que o Maverick estará exposto nas concessionárias, pois a Ford faz testes no Granada (carro que virou concorrente do Maverick nos EUA já em 1975), pensando em uma possível substituição.
O Corcel II é um caso à parte, a Ford não demonstra pretensão de avançar com ele no espaço de mercado do Maverick, mas o Granada já está passando por avaliações para no mínimo se adequar ao mercado brasileiro.

Da forma que o jornal diz, é como se o Maverick fosse deixar de ser fabricado já em 1978.

Vemos também a tendência da Ford de ter uma renovação de estilo em sua linha. Primeiro o Corcel II que chegou com linhas retas e faróis quadrados e agora o Granada que segue o mesmo exemplo. O Maverick não se encaixa nisso e eu não quero nunca ver o Maverick com faróis quadrados e todas as coisas que fizeram nos carros dos anos 80.

Outra coisa, chamar de “novo Maverick” não significa que esse modelo que vemos é de fato um Maverick novo. Isso é obvio né, mas é preciso destacar pois muita gente diz que a pick up Maverick (2021) é o Maverick (1969) moderno em versão caminhonete. NÃO! O novo Maverick mostrado aqui significa que é o carro para o mesmo segmento do Maverick e a Pick Up é apenas uma caminhonete com o mesmo nome. Somente isso.


O Estado de S. Paulo 24.9.78


Linha Ford 1979 anunciada com o Maverick. Então, não vão parar da fabricação em 1978 como a matéria anterior sugeriu.

Novidades! Ignição transistorizada (ignição eletrônica), embreagem eletromagnética (da hélice do motor), buscando maior economia de combustível que chega a 3,2%.


Diário da Tarde 13.10.78

Aqui vemos um pouco de detalhes do Maverick para 79.

Serão 11 cores, assim como foi para 78. 

Branco Nevasca
Preto Bali
Vermelho Fiesta
Vermelho Cordovan
Amarelo Igaratá
Bege Outono
Azul Paris
Verde Primavera Metálico
Azul Alvorada Metálico
Bege Champagne Metálico
Prata Régio Metálico

A ignição eletrônica foi a melhor coisa que aconteceu. O platinado e condensador são totalmente imprevisíveis e podem falhar a qualquer momento. Ela estava disponível para o motor de 4 e de 8 cilindros.

A embreagem do hélice do motor estava disponível apenas para o motor 4 cilindros e era opcional. Um item muito raro hoje em dia.



Correio Brasiliense 16.10.78

Mais detalhes ainda!

Aqui dá pra ler melhor que o Super ou Super Luxo poderiam ter o interior nas cores Preta e Palha. Não está escrito, mas a gente sabe que o GT tinha o interior Preto e o LDO Marrom.

A transmissão automática está disponível para o V8 desde 1973 e para o 4 cilindros desde 1976, não era uma novidade, mas um grande atrativo.

A Ficha Técnica é muito bem-vinda.



24.10.78 Jornal do Brasil



Ah não... Joseph W. O’Neill será promovido ao cargo de diretor executivo da Ford de Detroit para as operações de planejamento para a América Latina, mas deverá continuar no Brasil auxiliando o novo presidente da Ford no país, o Robert Graham. 

O jornal diz que a Ford teve prejuízos em 1976 e 1977, mas com previsão de lucro em 1978.

Gosto bastante do O’Neill, talvez um dia eu faça uma pesquisa só sobre ele, mas por enquanto, vamos focar nessa promoção que ele recebeu. Ele prefere não comentá-la, mas sabe-se que foi decidida na sede da Ford há pouco mais de um mês. Essa promoção está diretamente ligada à saída do Lee Iacocca da presidência da matriz da Ford, pois abriu muitos cargos que agora estão sendo preenchidos.

Os dirigentes da Ford brasileira fazem questão de salientar que a promoção do O’Neill é por merecimento.

O’Neill ainda disse que está em seus planos o lançamento do novo Maverick, possivelmente dentro de 1 ano e meio a 2 anos, com um novo estilo em carroceria, para atender aos interesses dos consumidores.

Esse assunto é importante para nós.

Não me empolgou nenhum pouco a saída do O’Neill, não é nada contra o novo presidente, mas eu queria que ele tivesse continuado aqui.

Já estou fazendo uma pesquisa paralela sobre esse novo Maverick citado acima.






Diário de Pernambuco 26.10.78

A Ford tinha ampla de opções com o Maverick e o Corcel II oferecia ainda mais combinações. Seria difícil o comprador não encontrar na linha Ford 1979 o que ele precisava.



O Estado de S. Paulo 27.10.78

Olhei essa imagem por muito tempo. Aí olhei mais um pouco e desisti. Quando olhei a última vez, consegui enxergar o Maverick rsrsr

Um novo carro para o Brasil. Menor que o Corcel II.

Novo presidente da Ford no Brasil: Robert Graham.

Lançamento do Corcel II com motor 6 cilindros??? Escreveram errado.

Nosso querido Joseph O’Neill revelou que a Ford está preocupada em produzir um “carro universal”, que possa ser fabricado simultaneamente em suas várias subsidiárias, algo como o Fiesta, que era montado na Alemanha e na Espanha.

Devemos lembrar que até aquele momento, vários carros da Ford foram fabricados em mais de um país. O Maverick, por exemplo, foi feito em 5 deles. O conceito de “carro universal” estava passando por atualizações a amadurecimento, mas sem dúvidas, era a melhor forma de produzir com custo menor.

O’Neill disse que durante o seu comando, a Ford se fundiu com a Willys, recuperou a linha Corcel e a elevação do nível de vendas de 250 milhões há 8 anos, para 1 bilhão em 1977. 

Poxa O’Neill, e a fábrica de motores? As exportações de motores? Os tratores? O Maverick?...

O jornal continua dizendo que sobre o Maverick ele falou: “As mulheres não aprovaram o Maverick e isso foi decisivo sobre a decisão de compra dos consumidores de sexo masculino. Elas acharam que o carro era grande demais internamente, banco baixo, coisas assim”.

Não, não, não, não, não! Isso vai contra tudo o que lemos até aqui. Eu sei que houve pesquisas e que a Ford tinha informações que não saíam em jornais e revistas, mas é complicado aceitar que a atitude das mulheres tenha influenciado o Maverick dessa maneira. As vendas do Maverick se mantiveram no mesmo ritmo de 73 à 76. Aí que as mulheres não deixaram mais os maridos comprarem? Não faz sentido. As mulheres não têm culpa, mas eu entendo que ele deve ter contado essa história para não precisar entrar em mais detalhes. Ele não é mais o presidente né... e o novo é que não vai falar sobre o Maverick.

 


Jornal do Brasil 29.10.78


As greves e reuniões com o sindicato só aumentavam e passavam a ser comuns...



Jornal do Brasil 29.10.78


Muito provavelmente, esse jornal traz a matéria do mesmo acontecimento que o jornal Estado de S. Paulo noticiou acima.
Nesse momento, Joseph O’Neill estava em fase de transição de cargo, mas não respondia mais como presidente da Ford do Brasil.

Aqui o jornal dá um pequeno detalhe à mais, que faz toda a diferença.

O’Neill diz que a culpa das vendas do Maverick terem caído é das mulheres e que por isso a Ford introduzirá alterações que tornarão o Maverick popular também entre o público feminino.

Agora a parte mais importante: “Essa minha afirmação é resultado de uma pesquisa intensa. ”

 Puxa vida... que baque ouvir isso. Realmente ele tinha embasamento para falar isso... Continuo sem entender e sem concordar com isso, massss....


O jornal segue com uma entrevista muito boa. A pergunta que mais acho importante é: O sr gostou dessa promoção?

“Não, não gostei. Acho que é emocional a minha reação, pois conheço 10 homens da Ford (americana), mas em São Paulo conheço 2 mil. E há problema de família”.

 O O’Neill era um cara que palavra e atitude. Ele tinha acabado de ser promovido com o maior merecimento que poderia receber, para um cargo bem alto dentro da Ford, mas ele não gostou e aparentemente não quer sair do Brasil.

Arrogância? Independência? Amor pela vida que construiu por aqui no Brasil?

Vejamos se aparecem mais detalhes sobre isso.



Jornal do Comercio1.11.78


Correio Riograndense15.11.78


O texto é o mesmo que já vimos. A novidade fica por conta da foto.





4.11.78 Jornal do Brasil



Será que o O’Neill deixaria a Ford rumo à Chrysler do Brasil chamado pelo Lee Iacocca, novo presidente da Chrysler americana?

Bom, depois dessa notícia, não encontrei mais nada que falasse do paradeiro do Joseph W. O’Neill. Fiquei intrigado, onde ele foi parar?

Então fui perguntar diretamente para a Zaira O’Neill, brasileira, casada com o Joseph até quando ele faleceu em 2002. Ela contou que ele se demitiu da Ford pois queria continuar no Brasil. Ele abriu uma empresa de consultoria e prestou serviço para vários clientes que incluíam a Chrysler, por exemplo. Os O’Neill só foram embora do Brasil em 1993, pois seus dois filhos moravam nos EUA e a saudade era grande demais. Ela continua dizendo que caso contrário, nunca teriam saído do Brasil, pois o Joe amava o país muito mais do que muitos brasileiros.

Chorei demais lendo as mensagens da Zaira... É muito bonito ver o carinho com que ela fala do O’Neill.

Mostrei o jornal onde ele diz exatamente isso, que não queria deixar o Brasil por causa da família e amigos e ela gostou de saber desse registro.

Poxa vida, o O’Neill subiu muito no meu conceito após isso. Naquela entrevista, ele falou o que realmente sentia, ele sabia que ir contra àquela promoção, traria uma mudança enorme em sua vida, mas ele preferiu seguir a sua vontade, a sua família seus amigos e a sua convicção. Que Homem!

Com certeza, foram essas atitudes firmes e sinceras que ele utilizou à frente da Ford do Brasil durante os 8 anos que permaneceu lá dirigindo projetos que fizeram a Ford crescer muito naquele período.

Emocionante, um grande exemplo para todos nós.

Zaira, mais uma vez muito obrigado pela atenção e carinho que você tem por mim. Te admiro demais porque sei dos valores que você carrega e posso imaginar que não foi fácil ser a Grande Mulher apoiando e sendo a base do Grande Homem que o O’Neill foi. Meus parabéns!





Veja 15.11.78


Olha o novo presidente da Ford aí. Robert Graham disse que o futuro é dos carros pequenos e que fariam algo para entrar nesse mercado.
Veja só, essa de carros pequenos começou nos EUA em 1969 com o Maverick e em 1971 o carro pequeno ficou ainda menor com o Ford Pinto. Somente em 1978 é que esse conceito de carro pequeno chegava ao Brasil. Nós estávamos muito atrasados com o que acontecia no restante do mundo.

O porta voz da General Motors admitiu que tudo leva a crer que os carros, agora, vão se parecer muito uns com os outros. Diz também que o fator economia é que vai orientar o design do futuro.

É por esse motivo que o Fusca vende tanto e carros como o Opala e o Maverick não apresentam sinais de recuperação – com queda acumulada de vendas, desde 1976 equivalente a 20,9%.

Aí está, essa é a situação do MERCADO, não é culpa do carro, nem das mulheres, nem de nada. O Mercado atual exige carros pequenos, super econômicos e com linhas atuais. 
Foi legal ver o nome do Opala ser citado, se pegar os números de venda/produção dele, vamos ver que era ascendente até 1973, após isso, caiu a cada ano até 1977, vendendo mais em 1978 e tendo o seu 2º pior ano, até aquele momento, em 1979.

Mais uma vez: ERA O MERCADO. Carros que não se enquadravam no que o Mercado queria, não vendiam como antes. Simples assim.

Agora para o caso do Maverick, pense assim também: Jornais começam a dizer que pode sair de linha, que tem um novo Maverick que pode aparecer... Você compraria o Maverick atual? Se comprar, vai se arrepender se sair de linha; se não comprar, vai ficar à pé... melhor opção? Comprar outro carro, um Corcel II que é o atual lançamento da Ford.

Aqui podemos perceber que o Maverick tinha acabado de passar do ponto sem volta. Não houve reação durante 1977 quando a crise do petróleo chegou, durante 1978 o mercado mudou de vez e o Maverick deixou de ser uma opção para o consumidor, que buscava o carro mais econômico (em combustível) possível. Além do mais, o Maverick não atualizou suas linhas e tinha a mesma aparência de quando apareceu ao mundo em 1969.


Diário de Pernambuco 16.11.78


A Linha Ford 79.

Uma gama de carros que deixaram saudades...


Correio Brasiliense 4.12.78


Mais detalhes do funcionamento da Ignição Eletrônica que chegava aos Ford nacionais.



Correio do Sul 5.12.78

A Ford chegou ao número de 2 milhões de veículos fabricados no Brasil. O veículo 1 milhão, foi um Maverick e agora foi um Corcel II.

Vemos o crescimento da Ford na última década, fatos importantes que o Joseph O’Neill não citou quando teve oportunidade.

O Maverick contribuiu bastante nessa fase, mas com os resultados recordes do Corcel II, qualquer coisa para trás disso já não teria destaque.



Manchete 23.12.78


Estamos em dezembro de 1978. Vimos que o mercado e o desejo do comprador mudaram, mas o Maverick e a estratégia da Ford para ele continuam a mesma.

Os pontos de destaque que a Ford enfatiza nas propagandas do Maverick continuam iguais desde o seu lançamento. Ela não começou a dar mais destaque para economia como passou a ser comum entre as propagandas dos veículos.

O Maverick mostrava sua qualidade como um todo: sua estrutura, mecânica e interior. Ficava claro que se fosse pra cair, o Maverick ia cair atirando.

Dá uma tristeza ver esses pontos fortíssimos do Maverick não tendo efeito sobre os consumidores... É como ver os programas da TV Cultura perdendo audiência para programas de reality show de outros canais...

Não podemos esquecer que MAVERICK significa ser independente, livre, destemido, etc. Essa atitude de não se curvar frente as mudanças (absurdas) do Mercado, era muito MAVERICK. 

Os anos 80 vinham com tudo pra cima dos modelos dos anos 60 e 70.


Diário do Paraná 30.12.78

E para fechar esse ano maravilhoso com chave de ouro, mais aumento de preços.

Em maio, o Maverick GT custava 129.215,00 e agora em dezembro subiu para 166.966,00.

Só relembrando que aqui eu falo sobre o Maverick, mas não significa que esse aumento de preços, por exemplo, aconteceu somente para ele. 
Outra coisa importante, tudo que analiso aqui é dentro do contexto histórico. O que aconteceu de 1978 para trás que é relevante nessa pesquisa. Esses acontecimentos nos mostram como o Maverick e o mercado eram vistos no ano que estamos estudando. O que aconteceu depois, vai ficar para outra pesquisa.

1978 foi o ano onde as novas preferencias do mercado se estabeleceram, ano que as greves continuaram, ano que o consumo de combustível era o ponto mais importante de um veículo e o ano que dependia de novidades. O passado era apenas o passado. 
Por fim, o Maverick teve apenas 4.464 unidades produzidas em 1978 e atravessava para o ano de 1979 sem as melhores das perspectivas.



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