segunda-feira, 20 de maio de 2013

1973 - 1º Raid da Integração Nacional

Em outubro de 1973 o Maverick V8 já havia vencido as 25 Horas de Interlagos, os 500 KM de Interlagos e as 6 Horas de Tarumã. Isso fica mais impressionante quando levamos em consideração que o carro tinha sido lançado em junho!




O Maverick V8 já dominava nas pistas, enquanto isso o 6 cilindros procurava uma oportunidade mostrar do que era capaz.

Acontecia então o 1º Raid da Integração Nacional com a ambição de percorrer de carro todas as capitais do Brasil.

Vejamos como isso aconteceu:.



O Globo 8.10.73

Começou!

Diário de Pernambuco 11.10.73



Dá uma olhada no trajeto programado. Partida no Chuí – RS e depois de passar todas as capitais, chegada em Brasília.

Com todos os testes que foram feitos para adaptação do carro ao país, a Ford estava confiante que não só o Maverick, mas o Corcel e a Belina cumpririam toda essa viagem histórica pelo país.
Os 3 destemidos Ford seriam os bandeirantes de aço, desbravando o Brasil por estradas de terra, lama, buraco e asfalto. Se hoje em dia as estradas estão todas arrebentadas, imagina em 1973! Seria um teste e tanto de resistência para o trio, mas como ficou bem claro, o que eles queriam dizer é que "o seu país está sendo integrado".

O Maverick utilizado tinha o motor de 6 cilindros.
A Ford era protagonista, mas ao lado, podemos ver os outros realizadores deste evento como o Departamento Nacional de Rodagens – DNER, Embratur e Empresa de Correios e Telégrafos - ECT.

Um detalhe: Sabe porque ali no trecho de Manaus a linha fica tracejada? Mais pra frente iremos descobrir.


Veja também:

José Alvaro Ricci – O Cinegrafista do I Raid da Integração Nacional





Folha de S. Paulo 10.10.73

Serão 24 capitais ( contando com a Guanabara) com a previsão de 16 mil quilômetros. 9 homens embarcaram nesta viagem fantástica. O objetivo é chegar ao destino, que talvez dure 30 dias.

O jornal conta a viagem do Marechal Rondon feita pelo interior do Brasil com um Ford em 1926. Ele contou que o Ford teve quebra de parafuso da roda dianteira, furou câmara de ar e um pneu. História fantástica.

Podemos ter uma ideia de como o produto da Ford era resistente em 1926. Será que continua assim? O 1º Raid da Integração Nacional vai provar muitas coisas....


Jornal do Brasil 10.10.73

Aqui o RAID é chamado de REIDE... isso dá uma dor de cabeça na hora de pesquisar...

Podemos ter uma noção maior de como esse Raid era ambicioso, bem maior do que tudo o que já fizeram antes. Cada governador entregaria uma mensagem aos integrantes do Raid para que elas sejam entregues ao presidente do Brasil ao final do Raid.

A Embratur oficializou o Raid como parte das comemorações do Ano Nacional do Turismo, e pelo DNER na sua Campanha Nacional de Segurança nas Estradas.

 

Roteiro:


Rio Grande do Sul
Santa Catarina
Paraná
São Paulo
Goiás
Mato Grosso
Rondônia
Acre
Amazonas
Pará
Maranhão
Piauí
Ceará
Rio Grande do Norte
Paraíba
Pernambuco
Alagoas
Sergipe
Bahia
Espirito Santo

Guanabara
Rio de Janeiro
Minas Gerais
Brasília

 

Lembrando que Amapá e Roraima ainda não eram considerados como Estado, apenas Território Federal. Rondônia também era, mas acabou entrando no roteiro.

Mato Grosso do Sul e Tocantins ainda não haviam sido desmembrados do Mato Grosso e Goiás respectivamente.

Existia também o estado da Guanabara. Portanto, eram 23 estados e capitais e Brasília.

Minha professora de geografia que me perdoe se eu tiver confundindo alguma coisa...

Foi solicitado a colaboração do Exército e da Aeronáutica para todo o percurso. Aqui nós descobrimos então o porquê da linha tracejada a partir de Manaus. Eles seriam levados de avião de Manaus até Santarém.

Joseph O’Neill, presidente da Ford disse: É uma das expedições automobilísticas mais longas e entusiasmantes que a Ford já realizou em todo mundo.

A Iniciativa da Ford de promover o Raid foi destacada como um marco pelo Eliseu Resende, diretor do DNER.

Estando o país integrado, favorecerá o turismo, mostrará o país por um ângulo ainda não visto.

A ECT enviará cartas por meio do Raid à todos os governadores dos estados e ao presidente da república.


E essa equipe?! Só a nata organizada e dirigida pelo mestre Luiz Antonio Greco.

Paulo Dante Martinelli - Piloto
Carlos Roberto Henriques da Costa - Editor do Departamento de Imprensa da Ford
Fernando Novaes Abrunhosa - Fotógrafo
Reynaldo Cardoso - Departamento de Promoção de Vendas da Ford
José Álvaro Ricci - Cinegrafista
Reynaldo Paes de Barros - Cinegrafista
João Mariano de Oliveira - Mecânico
Miguel Olona Palan - Eletricista


Olha só, entre eles haviam fotógrafos e cinegrafistas! Onde é que estão essas fotos e vídeos?! Nós queremos!

Imagine o equipamento que eles precisam levar nessa viagem. Material de filmagem, roupas, mantimentos, combustível, ferramentas... Corcel, Belina e Maverick viajariam com carga plena.

Bom, mas no dia 10, os carros já estavam viajando há 2 dias. Onde estariam?



Folha de S. Paulo 10.10.73

Chegaram à São Paulo, onde foram recebidos pela concessionária AL-CAR 


O Globo 12.10.73

Resuminho dessa grade viagem!


O Estado de Mato Grosso 13.10.73

Chegando em Cuiabá. Temos praticamente o mesmo texto que vimos no outro jornal, mas informação nunca é demais.



O Estado de Mato Grosso 13.10.73


O Estado de Mato Grosso 14.10.73

A viagem do Marechal Rondon foi muito destacada pela imprensa. Realmente o trabalho dele exigiu muita bravura e determinação. Eu recomendo que vocês leiam um pouco sobre o Marechal Rondon, o Raid tinha o mesmo espírito que ele colocou em prática.


Diário de Pernambuco 14.10.73

"Salve a Ford - "Pioneira na Integração Brasileira".

As concessionárias Cidar e Fonseca Irmãos receberam o material de divulgação do Raid.

Espero mesmo que possamos um dia ter acesso a esses vídeos e fotos...

A concessionária que irá receber os integrantes do Raid em Recife é a Cidar.


Correio Braziliense 14.10.73 

Mais, e pela última vez, detalhes da viagem de Rondon com seu valente Ford


Diário do Paraná 18.10.73


Relembrando que o Raid da Integração Nacional estava sendo feito sem preocupação de estabelecer recordes de velocidade ou de obter desempenhos especiais das máquinas. Era mais do que essencial que eles respeitassem as leis de transito, então chegar ao destino era o que importava.

O Globo 21.10.73

Até aqui foram 7 mil quilômetros em estradas nos mais diversos terrenos em 12 dias. Pela primeira vez, o extremo sul do país foi ligado à Manaus por via rodoviária.

Olha só cada detalhe... O trecho de Cuiabá foi cheio de dificuldades: estradas interrompidas, grandes lamaçais, tiveram até que usar uma junta de bois para atravessar trechos completamente alagados. Depois na floresta densa, ondulações na estrada conhecidas como costelas de vaca judiaram dos carros e seus tripulantes, assim como a poeira.


Eles seguem firmes com destino à Belém.

O Cruzeiro 24.10.73

Aqui está mais um resumo bem objetivo do que é e como funciona o Raid.

Veja, mesmo que a notícia seja a mesma, é importante atentar-se ao fato de que foi outro meio de comunicação que fez a informação. Isso indica quão abrangente foi a divulgação deste evento.

Vamos destacar aqui que os carros que não tinham nenhuma preparação especial

 

Diário de Pernambuco 28.10.73

Depois de mais de 2 semanas de viagem, recebemos mais notícias. " Os mecânicos informam que a saúde dos carros são mesmo de ferro." :)

Devido às chuvas, um pedaço de 100 km demorou 6 horas para ser vencido. Haja paciência!

Vamos às legendas das fotos:

A foto maior no topo da página não tem legenda.
A que aparece uma longa estrada é na Transamazônica.
A do Corcel é numa ponte provisória de obras na Porto Velho-Manaus. O que acho interessante aqui é que todos os tripulantes ajudavam para que a viagem acontecesse. 

Eles se sujavam, ficavam no sol... não importa se é jornalista ou fotografo, se tiver que cavar a lama pra tirar o carro do atoleiro, vai ter que cavar. Acho isso muito legal.
A última foto é no Palácio do Governo de Rio Branco.

Fica evidente as condições das estradas, mas também das melhorias que estão sendo feitas. Como vimos, a pior parte já tinha passado, pois agora as estradas seriam asfaltadas e claro, não estariam mais no meio da mata. A previsão para chegada é no dia 31 de outubro de 1973.



Diário de Pernambuco 24.10.73

Um projeto pioneiro desses só poderia ser sucesso mesmo.

Lemos que tudo foi filmado a cores... Onde estará você vídeo!?

A colaboração da FAB e do Exército tem sido fundamental para o Raid da Integração Nacional acontecer.

Sem dúvida, foi a FAB que os transportou de Manaus à Santarém.

Claro, além de mostrar o progresso com as estradas pelo país, a Ford testava e mostrava toda a qualidade de seus carros, principalmente o novo Maverick.

Tudo estava sendo muito bem coordenado e bem executado.


Diário de Natal 25.10.73

Toda a programação para a chegada em Natal


Diário de Natal 25.10.73


A concessionária Santos & Cia irá receber o Raid em Natal.


Diário de Natal 27.10.73

Foto histórica em frente à concessionária.

Com duas horas de atraso chegaram à concessionaria conduzidos pela Polícia Rodoviária Federal com os batedores ligados. Foram bem recebidos por todos que os aguardavam.

 

NOTA SOBRE A PESQUISA: Existe a linha do tempo onde os fatos aconteceram e existe a linha do tempo onde os fatos são contados. Jornais e revistas não publicam tudo “ao vivo”. Dessa forma, vou sempre priorizar aqui a ordem cronológica onde os fatos aconteceram. Assim fica mais fácil de entender a história e seu desenrolar.


Diário de Pernambuco 25.10.73

E aqui, o convite da Cidar Veículos, revendedor Ford de Natal para conhecerem os participantes do Raid.

Imagina.... que oportunidade de fazer parte da história não é mesmo?



Diário de Pernambuco 28.10.73

Grande recepção feita pela Cidar.

Veja, os carros foram levados à concessionária para uma revisão geral. Isso deve ter acontecido em outras capitais também.

Essas fotos são muito legais.

Sinto que estamos cada vez mais próximos de mais fotos e do tão sonhado vídeo sobre o Raid... Minhas pesquisas terão um foco muito maior nisso daqui pra frente.



Correio Braziliense 1.11.73


Muito foi falado sobre as mensagens que os governadores enviariam ao presidente, mas agora podemos ler na integra a mensagem do governador de Pernambuco, Eraldo Gueiros Leite.

Acho muito legal o tom que usavam nessa época. Palavras bonitas, super respeitosos, gratos e entusiasmados... 

Jornal do Brasil 28.10.73 

Está chegando a vez do Rio de Janeiro


O Fluminense 28, 29.10.73

Após Maceió, Aracaju, Salvador e Vitória, eles chegavam ao Rio, passando primeiramente em Niterói na concessionária Grande Rio.

O gerente do Departamento de Imprensa da Ford, Wladir Dupont ressaltou a importância desse 1º Raid da Integração Nacional como mais uma demonstração do elevado padrão técnico da indústria automobilística nacional.


A Luta Democrática 31.10.73

Foram recebidos pelo governador do Rio, Raimundo Padilha



Correio Braziliense 4.11.73


Mais sobre o encontro com Padilha.


O Fluminense 30.10.73



Vemos mais detalhes da chegada ao Rio de Janeiro e mais sobre a equipe de homens corajosos e profissionais que estavam "integrando o país" a bordo desses carros indestrutíveis.

Também é dito que o trecho Manaus – Santarém foi feito de avião.

O jornal também traz a história do Marechal Cândido Rondon.

Então foram para a Guanabara

 

Jornal do Brasil 31.10.73

Depois de serem recebidos pelo governador da Guanabara, Antônio Chagas Freitas, foram participar de um coquetel na concessionária Santo Amaro Veículos.

O jornal nos lembra da ocasião onde foi necessário utilizar uma junta de bois para retirar os carros do atoleiro, assim como também do desgaste físico dos integrantes como também dos carros ao passar Rondônia, Acre e Amazônia.

A foto do canto debaixo é em frente à Santo Amaro. Eu queria muito um uniforme desse que eles usavam...


Correio Braziliense 28.10.73

O jornal de Brasília já estava ansioso pela chegada do Raid a cidade. Falta pouco!

E essas fotos heim?!



Diário de Natal 30.10.73

Correio Braziliense 30.10.73






Correio Braziliense 31.10.73

Convite oficial para o desfile da integração nacional!

A caravana terá início no Centro Rodoviário do DNER, na entrada de Brasília. De lá seguem em comboio até o pátio fronteiro do Ministério dos Transportes, onde o Raid será encerrado as 11h00.

Ah como eu gostaria de ter visto isso de perto! Eles são heróis mesmo, merecem toda a glória pelo feito incrível.


Jornal do Comercio 1.11.73

A legenda descreve bem cada imagem, mas quero chamar atenção, na primeira imagem, a equipe de filmagens que aparece bem no canto inferior esquerdo da foto e ao fato de que na segunda imagem, ter sido o Maverick, o carro escolhido para sair na foto com o Ford 1922. São registros fantásticos!

Folha de S. Paulo 28.11.73


É anunciado o fim do 1º Raid da Integração Nacional.

16.755 quilômetros percorridos em 24 dias! Isso dá a média de 698,125 quilômetros por dia. É bastante coisa. Uma vez dirigi mais ou menos essa distância quando fui de Maverick para Curitiba. Foi um pouco cansativo, mas fui e voltei. Imagina 24 dias seguidos... Não é fácil.

O que quebrou? 2 jogos de amortecedores.

O Maverick fez média de 7,7 km/l e a Belina e o Corcel por volta de 10,8 a 11,2 km/l.

Além da junta de bois, também foi necessário a ajuda de um trator em outra ocasião. Eles precisavam se virar com o que tinham.

Os 6500 km iniciais foram repletos de barro, terra, mata, chuva, obras...  Não era qualquer veículo que passaria ali. Os motoristas de caminhões ficaram surpresos ao saber que os 3 Ford tinham conseguido atravessar aquela região.

A transamazônica corta o Rio Xingu e até hoje esse trajeto é feito de balsa, mas no dia ela não estava disponível. Então encontraram o Sabá, o barqueiro que estava ali. Ele foi contratado para ir chamar a balsa que estava do outro lado do rio e o mesmo aceitou após tomar dois copos da mais pura caninha. Ele voltou 1 hora depois mesmo com muita chuva.

19 pneus furaram no percurso todo, mas 15 deles foram na traseira esquerda do Corcel.

O único momento de descanso foi nas praias de Porto Seguro.

O almoço era evitado para não causar sono ou cansaço no período da tarde. Durante o dia, comiam apenas bolachas e salgadinhos leves, durante as paradas para reabastecimento.

Eles filmaram e tiraram fotos durante as obras da Ponte Rio-Niterói.

Após as solenidades da chegada em Brasília, foram para a concessionária Planalto onde os carros foram lacrados pelos representantes da CBA para posterior homologação do Raid.

Os carros seguirão de carreta para São Paulo, onde terão seus motores abertos para exame na FEI – Faculdade de Engenharia Industrial a pedido da CBA

Que fantástico! Saber os detalhes faz toda a diferença.




A Tribuna 2.12.73

Essa foto da Belina é muito boa!

Ficou provado que era possível percorrer todo o Brasil por estradas de rodagem, passando pelos mais bonitos lugares da nossa terra, já com alguma segurança.



Correio Braziliense 30.10.73


Agora temos muitos detalhes!

Vejam só, foi o avião Búfallo da FAB que levou os carros de Manaus para Santarém.

Temos o relato do jornalista e editor do Departamento de Imprensa da Ford, Carlos Roberto Henriques da Costa.

Ele conta que num desses pontos de estrada ruim, o Maverick ficou atolado com quase toda a suspensão dianteira enterrada no barro. A única saída era tirar o carro de lá no braço. Havia tanto barro que eles ficaram “atolados” até a altura do joelho. Mesmo depois de quase 3 horas de tentativas, não conseguiram fazer nada pra tirar o Maverick dali. Então dois membros da equipe saíram para procurar ajuda. Um dos cinegrafistas voltou com uma junta de boi que havia conseguido numa fazenda próxima. Uma pesada corrente foi atrelada ao Maverick e aos bois que o puxaram do atoleiro. Os dois primeiros bois tinham os nomes de 7 de Ouro e Navegante.

Em outra ocasião, encontraram com uma ponte em construção. Os carros não passaram pela agua e fazer o retorno demoraria muito, então conversaram com o engenheiro responsável e o mesmo mandou encher o vão que faltava para que os carros passassem.

Eu moro em sítio. O próximo boi que eu comprar vai se chamar Sete Ouro!

Imagino o Luiz Antonio Greco conversando com o engenheiro... A voz de trovão deve ter entrado em ação rsrsr

A gasolina era mais cara entre Cuiabá e Vilhena. Não havia energia elétrica também. Eles chegaram a rodar mais de 300 km sem encontrar sinais de vida humana.

Eles tentaram contato com os índios de uma reserva da Funai para fazer vídeo e foto, mas como não tinham autorização especial, não puderam fazer as imagens.

Uma das coisas interessantes são as mudanças do fuso horário.

Que viagem! Impressionante, até o nome dos bois que puxaram o Maverick ficou registrado. 


Prazo cumprido! Chegada em Brasília. Então nós entendemos o que realmente significa que " o seu país está integrado". Há rodovias que ligam todas as regiões do país.
Com média de 700 km por dia, os carros chegaram firmes e fortes, prontos pra outra, deixando o caminho aberto pra gente.
Muito legal esse desfecho.


Lemos que para a CBA homologar o Raid, os carros teriam seus motores abertos, estudados e analisados nos laboratórios da Faculdade de Engenharia Industrial de São Paulo.


Correio Braziliense 1.11.73


Que ótima leitura! O próprio Luiz Antonio Greco contou como foi a viagem. Que legal, eles eram parados pelo pessoal na estrada para ouvir os detalhes da viagem.

E aqui, o que eu já suspeitava: em todas as capitais, os carros eram conduzidos às concessionárias para serem lavados e para uma verificação mecânica, dentro dos regulamentos estabelecidos pela CBA que estava dando cobertura esportiva ao Raid. Com os carros já limpos, era feita a visita ao governador do estado.

Essas revisões e lavagens garantiram a saúde dos carros.

Como disse, eu moro em sítio e em época de chuva o meu Maverick fica carregado de barro e argila. Toda vez que encaro uma situação dessa, lembro do Raid e passo pelo barro com mais vontade ainda rsrsr

A CBA recolheu as fichas de bordo, providenciou a lacração dos motores que agora serão examinados na FEI. Um laudo posterior fornecerá os detalhes de distância, consumo e desgaste.

Agora uma coisa muito interessante e importante:

Roberto Nasser, grande jornalista, advogado e entusiasta dos automóveis viu os carros quando chegaram à Brasília e disse que a prova não chegou a marcar profundamente os automóveis. Quando recebeu os integrantes do Raid, ele dirigiu o Maverick achando-o firme, justo e necessitando apenas de um pequeno reparo na embreagem.

É ótimo saber disso. Acredito que todos os recortes de jornais que temos do Correio Braziliense que temos aqui no blog foram escritos pelo Nasser. Ele sempre foi respeitado pela sua moral, seu conhecimento, imparcialidade e amor pelos carros. Um relato desse é muito valioso.

Os carros ficariam expostos na concessionária até irem para a FEI.

A Ford ainda preparou uma entrevista à imprensa e um almoço.

Um encerramento perfeito!



Revista Automóvel Clube 11.73

Foi uma grande aventura



Revista Automóvel Clube 12.73

Fotos ótimas!

Nenhuma delas tem legenda ou detalhes de sua origem, mas a foto de baixo podemos ver que é em Brasília. Aqueles prédios são únicos.

Então estavam ali, firmes e fortes no final do Raid. Veja o interior da Belina repleto de bagagem...

Deve ter sido nesse momento que o Nasser dirigiu o Maverick




Diário de Pernambuco 1.11.73


Missão cumprida! Então nós entendemos o que realmente significa que " o seu país está integrado". Há rodovias que ligam todas as regiões do país.
A Ford era fantástica em suas propagandas. Aqui ela exalta os integrantes e os apoiadores dessa grande viagem.

É um feito emocionante.

 


Correio Braziliense 1.11.73

Palmas para esse texto!
Não há nada para acrescentar.



Jornal do Brasil 14.12.73



Os argumentos das propagandas do Maverick são ótimos, provam mesmo que o carro é forte e resistente além de claro, ser o carro contra a rotina.

Jornal do Brasil 15.3.73




O Cruzeiro 27.3.74


O Raid fez tanto sucesso que 5 meses após seu término, ainda era utilizado como propaganda pela Ford.

Além de ter saído em revistas, também havia um folheto:


Anúncio do Mercado Livre

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Talvez a data do teste da FEI - Faculdade de Engenharia Industrial de São Paulo tenha sido em março de 1974. Seria ótimo encontrar mais sobre isso.
Mas aí está, tudo confirmado, o carro aguentou, não foram encontrados problemas... Foi um sucesso!

Fim do Raid, fim dos testes da FEI e com certeza saiu a homologação da CBA, mas o Maverick participante do Raid não parou por aí.

 


Veja essa notícia!


Correio Brazilense 27.1.74

Hoje em dia sabemos que o Maverick do Raid foi sim para o Museu Paulista de Antiguidades Mecânicas de Caçapava, do Roberto Lee, mas acredito que sejam pouquíssimas pessoas que saibam como isso se deu.

Olha só que inusitado heim, a Ford faria o sorteio desse Maverick entre os funcionários, mas aí o Roberto Lee chegou no O’Neill, pediu e ganhou o carro.

É mesmo verdade, quem não arrisca, não petisca.

Mas e agora? O Raid terminou no dia 31 de outubro de 1973, já estávamos no dia 27 de janeiro de 1974. Onde o carro ficou durante esse tempo? 


Correio Braziliense 23.6.74

Era junho de 74 e o Maverick ainda não tinha chegado ao museu...

 

Jornal do Brasil 10.7.74


Na inauguração da Cliper, concessionária Ford no RJ, o filme do Raid da Integração Nacional foi exibido.... Imaginem! Isso confirma que o vídeo foi realmente feito, utilizado na época e que deve estar por aí aguardando para ser encontrado.

Depois dessa data, não encontrei mais nenhuma informação desse filme, mas esse jornal me deixou ainda mais esperançoso em encontrar o vídeo do Raid

O tempo passou mais um pouco e tivemos o IX Salão do Automóvel e a Ford levou o Maverick para expor:

Quatro Rodas 12.74

Em novembro de 74 lá estava o Maverick do 1º Raid da Integração Nacional no Salão do Automóvel. Com ele, ainda um Maverick Quadrijet de corrida e uma Belina de Rali.

 

Estava demorando para o Museu receber o seu presente.


Correio Braziliense 1.2.75

Agora foi o presidente do Brasil, Geisel que também gostaria de ver aquele Maverick icônico num museu.

Vimos que desde o término do Raid, ele ficou guardado meio que de lado, num pátio que acredito ser da própria fábrica da Ford.

Não temos informações da Belina e do Corcel que também participaram do Raid. Talvez eles tenham sido sorteados entre os funcionários da Ford, como era o destino inicial do Maverick.

A data exata que o Maverick chegou ao museu ainda não descobri, mas espero que tenha sido a tempo do senhor Roberto Eduardo Lee tê-lo visto, pois em junho de 1975 ele foi assassinado...


E foi isso, o Maverick chegou ao museu assim:

 

http://antigoscpvaj.blogspot.com.br

e depois de alguns anos ficou assim:

http://antigoscpvaj.blogspot.com.br

Uma pena....

O Maverick do Raid está passando por restauração, mas essa parte vai ficar para outro momento. Ainda temos algumas coisas para desvendar da sua história.

Bom, podemos dizer que o 1º Raid da Integração Nacional ficou muito conhecido pelo país, pois em cada capital havia toda uma mobilização para que as cartas fossem entregues, para que as pessoas pudessem ver os carros de perto... o próprio vídeo que foi gravado com certeza foi bastante utilizado na época também. Os jornais e revistas noticiaram incansavelmente cada detalhe dessa façanha, mas infelizmente grande parte dessa história ficou perdida no tempo.



Por curiosidade, tracei o trajeto no google maps:




A soma do Raid em 1973 foi de 16.755km. Na minha conta deu 16.654km. Um valor muito próximo. Dá até vontade de pegar o Maverick e repetir essa viagem.


Agora um resumo de acordo com a linha do tempo:


08/10 - Início às 7h00 no Chuí – RS

10/10 - São Paulo - SP

13/10 - Cuiabá - MT

15/10 - Porto Velho - RO

19/10 - Manaus - AM

22/10 - Belém - PA

23/10 - São Luiz - MA

24/10 - Teresina - PI e Fortaleza - CE

25/10 - 13h00 chegam à Natal (Santos & Cia)- RN. Partiram às 15h30

25/10 - 18h30 chegam à Recife (Cidar)- PE

26/10 - Às 9h00 seguem para Maceió - AL

27/10 - Salvador - BA

28/10 - Vitória - ES

29/10 - 14h30 chegam a Niterói / Rio De Janeiro - RJ (Grande Rio / Santo Amaro)

31/10 - Chegada à Brasilia - DF às 10h00. Fim do Raid. Após, foram para a concessionária Planalto onde os carros foram lacrados pelos representantes da CBA para posteior homologação do Raid.

jan/74 - Roberto Lee pediu o Maverick ao Joseph O'Neill e ganhou.

mar/74 - Data provável em que os testes da FEI haviam sido realizados com total aprovação.

jun/74 - O Maverick não havia chegado ao museu ainda

nov/74 - O Maverick é exposto no Salão do Automóvel

1/2/75 - O Presidente Geisel gostaria que o Maverick estivesse em um museu. Ele ficou 1 ano parado em um pátio de estacionamento sob o sol e a poeira industrial em São Bernardo do Campo.

??/??/?? - Chegada definitiva ao Museu do Roberto Lee

 

De qualquer maneira ter completado o 1º Raid da Integração Nacional, provou que o Maverick estava mais do que pronto para o solo brasileiro. 4 meses depois de ter sido lançado, já tinha rodado muito mais que se podia imaginar. O mais importante e valioso disso é que foi com um Maverick 6 cilindros. Hoje esse motor é visto com desaprovação, mas a Ford sabia o que tinha construído e colocou seu carro à prova na frente do país inteiro.

Enquanto o V8 ia acabando todos nas pistas, o 6 cilindros mostrava ser o rei da resistência, evidenciando cada vez a qualidade Ford.


Já está em andamento mais uma parte dessa pesquisa, espero poder publicar o que estou investigando....


Uma vez falei de como me interesso por filmes como o do Indiana Jones e como isso de certa forma conduziu as minhas pesquisas. Aquelas aventuras, caçadas, descobertas sempre me impressionaram. Há um outro ponto de vista nesse filme que talvez não seja levado muito em consideração, mas vejam só, vamos analisar as descobertas do Indiana pelo olhar de quem “guardou” aquelas relíquias. Criar aquelas armadilhas, charadas, túneis, deixar as pistas.... tudo isso foi grandioso da parte de quem possuía a relíquia. Ao mesmo tempo que ele queria “guardar”, deixou todos os passos para que a encontrassem. Como vemos no filme, por mais que várias pessoas tivessem tentado, apenas o Indiana Jones foi capaz de resolver todo o mistério.




O clímax do filme é encontrar as relíquias, precisa ser muito bom para isso, mas pra mim, o cara que conseguiu fragmentar as pistas e criar o mapa, era muito melhor! Ele possuía a relíquia desejada por todos, mas a “guardou” perfeitamente, deixando pistas que apenas uma pessoa inteligente e dedicada poderia resolver. Aprecio muito a arte com que deixaram as pistas para que alguém no futuro pudesse resolver o enigma.




Veja também: A Ford tentou destruir o Maverick





MAVERICK NA HISTÓRIA
A História do Maverick contada como você nunca viu! 

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2 comentários:

  1. Parabéns, menino!! Como você mesmo diz, "a mais completa pesquisa sobre o Raid". Lembro de ter lido notas nos jornais de São Paulo à época (Estadão, Folha, Jornal da Tarde, Folha da Tarde). Mas um apanhado a nível nacional, só você mesmo!! Que a luta continue, e um dia apareça este vídeo!

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    1. Obrigado! Pode-se dizer que essa pesquisa foi uma "integração nacional" do assunto rsrsr. Que venha mais recortes de jornais e esse bendito vídeo. Ford Abraço amigo.

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