Em outubro de 1973 o Maverick V8 já
havia vencido as 25 Horas de Interlagos, os 500 KM de Interlagos e as 6 Horas
de Tarumã. Isso fica mais impressionante quando levamos em consideração que o
carro tinha sido lançado em junho!
O Maverick V8 já dominava nas pistas,
enquanto isso o 6 cilindros procurava uma oportunidade mostrar do que era
capaz.
Acontecia então o 1º Raid da
Integração Nacional com a ambição de percorrer de carro todas as capitais do
Brasil.
O Globo 8.10.73 |
Começou!
Diário de Pernambuco 11.10.73 |
Dá uma olhada no trajeto programado. Partida no
Chuí – RS e depois de passar todas as capitais, chegada em Brasília.
Com todos os testes que foram feitos para adaptação
do carro ao país, a Ford estava confiante que não só o Maverick, mas o Corcel e
a Belina cumpririam toda essa viagem histórica pelo país.
Os 3 destemidos Ford seriam os bandeirantes de aço, desbravando o Brasil por
estradas de terra, lama, buraco e asfalto. Se hoje em dia as estradas estão
todas arrebentadas, imagina em 1973! Seria um teste e tanto de resistência para
o trio, mas como ficou bem claro, o que eles queriam dizer é que "o seu
país está sendo integrado".
A Ford era protagonista, mas ao lado, podemos ver os outros realizadores deste evento como o Departamento Nacional de Rodagens – DNER, Embratur e Empresa de Correios e Telégrafos - ECT.
Um detalhe: Sabe porque ali no trecho de Manaus a linha fica tracejada? Mais pra frente iremos descobrir.
Veja também:
José Alvaro Ricci – O Cinegrafista do I Raid da Integração Nacional
Folha de S. Paulo 10.10.73 |
Serão 24 capitais ( contando com a
Guanabara) com a previsão de 16 mil quilômetros. 9 homens embarcaram nesta
viagem fantástica. O objetivo é chegar ao destino, que talvez dure 30 dias.
O jornal conta a viagem do Marechal
Rondon feita pelo interior do Brasil com um Ford em 1926. Ele contou que o Ford
teve quebra de parafuso da roda dianteira, furou câmara de ar e um pneu.
História fantástica.
Podemos ter uma ideia de como o
produto da Ford era resistente em 1926. Será que continua assim? O 1º Raid da
Integração Nacional vai provar muitas coisas....
Jornal do Brasil 10.10.73 |
Aqui o RAID é chamado de REIDE...
isso dá uma dor de cabeça na hora de pesquisar...
Podemos ter uma noção maior de como
esse Raid era ambicioso, bem maior do que tudo o que já fizeram antes. Cada
governador entregaria uma mensagem aos integrantes do Raid para que elas sejam
entregues ao presidente do Brasil ao final do Raid.
A Embratur oficializou o Raid como parte das comemorações do Ano Nacional do Turismo, e pelo DNER na sua Campanha Nacional de Segurança nas Estradas.
Roteiro:
Rio Grande do Sul
Santa Catarina
Paraná
São Paulo
Goiás
Mato Grosso
Rondônia
Acre
Amazonas
Pará
Maranhão
Piauí
Ceará
Rio Grande do Norte
Paraíba
Pernambuco
Alagoas
Sergipe
Bahia
Espirito Santo
Guanabara
Rio de Janeiro
Minas Gerais
Brasília
Lembrando que Amapá e Roraima ainda não eram considerados como Estado, apenas Território Federal. Rondônia também era, mas acabou entrando no roteiro.
Mato Grosso do Sul e Tocantins ainda não haviam sido desmembrados do Mato Grosso e Goiás respectivamente.
Existia também o estado da Guanabara. Portanto, eram 23 estados e capitais e Brasília.
Minha professora de geografia que me perdoe se eu tiver confundindo alguma coisa...
Foi solicitado a colaboração do Exército e da Aeronáutica para todo o percurso. Aqui nós descobrimos então o porquê da linha tracejada a partir de Manaus. Eles seriam levados de avião de Manaus até Santarém.
Joseph O’Neill, presidente da Ford disse: É uma das expedições automobilísticas mais longas e entusiasmantes que a Ford já realizou em todo mundo.
A Iniciativa da Ford de promover o
Raid foi destacada como um marco pelo Eliseu Resende, diretor do DNER.
Estando o país integrado, favorecerá
o turismo, mostrará o país por um ângulo ainda não visto.
A ECT enviará cartas por meio do Raid
à todos os governadores dos estados e ao presidente da república.
E essa equipe?! Só a nata organizada e dirigida pelo mestre Luiz Antonio Greco.
Paulo Dante Martinelli - Piloto
Carlos Roberto Henriques da Costa - Editor do Departamento de Imprensa da Ford
Fernando Novaes Abrunhosa - Fotógrafo
Reynaldo Cardoso - Departamento de Promoção de Vendas da Ford
José Álvaro Ricci - Cinegrafista
Reynaldo Paes de Barros - Cinegrafista
João Mariano de Oliveira - Mecânico
Miguel Olona Palan - Eletricista
Olha só, entre eles haviam fotógrafos e cinegrafistas! Onde é que estão essas
fotos e vídeos?! Nós queremos!
Imagine o equipamento que eles precisam levar nessa viagem. Material de
filmagem, roupas, mantimentos, combustível, ferramentas... Corcel, Belina e
Maverick viajariam com carga plena.
Bom, mas no dia 10, os carros já estavam viajando há 2 dias. Onde estariam?
Folha de S. Paulo 10.10.73 |
Chegaram à São Paulo, onde foram recebidos pela concessionária AL-CAR
O Globo 12.10.73 |
Resuminho dessa grade viagem!
O Estado de Mato Grosso 13.10.73 |
Chegando em Cuiabá. Temos praticamente o mesmo texto que vimos no outro jornal, mas informação nunca é demais.
O Estado de Mato Grosso 13.10.73 |
O Estado de Mato Grosso 14.10.73 |
A viagem do Marechal Rondon foi muito destacada pela imprensa. Realmente o trabalho dele exigiu muita bravura e determinação. Eu recomendo que vocês leiam um pouco sobre o Marechal Rondon, o Raid tinha o mesmo espírito que ele colocou em prática.
Diário de Pernambuco 14.10.73 |
"Salve a Ford - "Pioneira
na Integração Brasileira".
As concessionárias Cidar e Fonseca Irmãos receberam o material de divulgação do
Raid.
Espero mesmo que possamos um dia ter acesso a esses vídeos e fotos...
A concessionária que irá receber os integrantes do Raid em Recife é a Cidar.
Correio Braziliense 14.10.73 |
Mais, e pela última vez, detalhes da viagem de Rondon com seu valente Ford
Diário do Paraná 18.10.73 |
Relembrando que o Raid da Integração Nacional estava sendo feito sem preocupação de estabelecer recordes de velocidade ou de obter desempenhos especiais das máquinas. Era mais do que essencial que eles respeitassem as leis de transito, então chegar ao destino era o que importava.
O Globo 21.10.73 |
Até aqui foram 7 mil quilômetros em
estradas nos mais diversos terrenos em 12 dias. Pela primeira vez, o extremo
sul do país foi ligado à Manaus por via rodoviária.
Olha só cada detalhe... O trecho de Cuiabá foi cheio de dificuldades: estradas
interrompidas, grandes lamaçais, tiveram até que usar uma junta de bois para
atravessar trechos completamente alagados. Depois na floresta densa, ondulações
na estrada conhecidas como costelas de vaca judiaram dos carros e seus tripulantes,
assim como a poeira.
Eles seguem firmes com destino à Belém.
O Cruzeiro 24.10.73 |
Aqui está mais um resumo bem objetivo
do que é e como funciona o Raid.
Veja, mesmo que a notícia seja a mesma, é importante atentar-se ao fato de que foi outro meio de comunicação que fez a informação. Isso indica quão abrangente foi a divulgação deste evento.
Vamos destacar aqui que os carros que
não tinham nenhuma preparação especial
Diário de Pernambuco 28.10.73 |
Depois de mais de 2 semanas de viagem, recebemos mais notícias. " Os mecânicos informam que a saúde dos carros são mesmo de ferro." :) Devido às chuvas, um pedaço de 100 km demorou 6 horas para ser vencido. Haja paciência!
Vamos às legendas das fotos:
A foto maior no topo da página não tem legenda.
A que aparece uma longa estrada é na Transamazônica.
A do Corcel é numa ponte provisória de obras na Porto Velho-Manaus. O que acho interessante aqui é que todos os tripulantes ajudavam para que a viagem acontecesse.
Eles se sujavam, ficavam no sol...
não importa se é jornalista ou fotografo, se tiver que cavar a lama pra tirar o
carro do atoleiro, vai ter que cavar. Acho isso muito legal.
A última foto é no Palácio do Governo de Rio Branco.
Fica evidente as condições das estradas, mas também das melhorias que estão
sendo feitas. Como vimos, a pior parte já tinha passado, pois agora as estradas
seriam asfaltadas e claro, não estariam mais no meio da mata. A previsão para
chegada é no dia 31 de outubro de 1973.
Diário de Pernambuco 24.10.73 |
Um projeto pioneiro desses só poderia
ser sucesso mesmo.
Lemos que tudo foi filmado a cores... Onde estará você vídeo!?
A colaboração da FAB e do Exército
tem sido fundamental para o Raid da Integração Nacional acontecer.
Sem dúvida, foi a FAB que os
transportou de Manaus à Santarém.
Claro, além de mostrar o progresso com as estradas pelo país, a Ford testava e
mostrava toda a qualidade de seus carros, principalmente o novo Maverick.
Tudo estava sendo muito bem coordenado e bem executado.
Diário de Natal 25.10.73 |
Toda a programação para a chegada em
Natal
Diário de Natal 25.10.73 |
A concessionária Santos & Cia irá
receber o Raid em Natal.
Foto histórica em frente à
concessionária.
Com duas horas de atraso chegaram à
concessionaria conduzidos pela Polícia Rodoviária Federal com os batedores
ligados. Foram bem recebidos por todos que os aguardavam.
NOTA SOBRE A PESQUISA: Existe a linha
do tempo onde os fatos aconteceram e existe a linha do tempo onde os fatos são
contados. Jornais e revistas não publicam tudo “ao vivo”. Dessa forma, vou
sempre priorizar aqui a ordem cronológica onde os fatos aconteceram. Assim fica
mais fácil de entender a história e seu desenrolar.
Diário de Pernambuco 25.10.73 |
Imagina.... que oportunidade de fazer parte da história não é mesmo?
Diário de Pernambuco 28.10.73 |
Grande recepção feita pela Cidar.
Veja, os carros foram levados à
concessionária para uma revisão geral. Isso deve ter acontecido em outras
capitais também.
Sinto que estamos cada vez mais próximos de mais fotos e do tão sonhado vídeo sobre o Raid... Minhas pesquisas terão um foco muito maior nisso daqui pra frente.
Correio Braziliense 1.11.73 |
Muito foi falado sobre as mensagens que os governadores enviariam ao presidente, mas agora podemos ler na integra a mensagem do governador de Pernambuco, Eraldo Gueiros Leite.
Acho muito legal o tom que usavam
nessa época. Palavras bonitas, super respeitosos, gratos e entusiasmados...
Está chegando a vez do Rio de Janeiro
O Fluminense 28, 29.10.73 |
Após Maceió, Aracaju, Salvador e
Vitória, eles chegavam ao Rio, passando primeiramente em Niterói na
concessionária Grande Rio.
Foram recebidos pelo governador do Rio, Raimundo Padilha
Mais sobre o encontro com Padilha.
Vemos mais detalhes da chegada ao Rio
de Janeiro e mais sobre a equipe de homens corajosos e profissionais que
estavam "integrando o país" a bordo desses carros indestrutíveis.
Também é dito que o trecho Manaus –
Santarém foi feito de avião.
O jornal também traz a história do Marechal Cândido Rondon.
Então foram para a Guanabara
Depois de serem recebidos pelo governador da Guanabara, Antônio Chagas Freitas, foram participar de um coquetel na concessionária Santo Amaro Veículos.
O jornal nos lembra da ocasião onde foi necessário utilizar uma junta de bois para retirar os carros do atoleiro, assim como também do desgaste físico dos integrantes como também dos carros ao passar Rondônia, Acre e Amazônia.
A foto do canto debaixo é em frente à Santo Amaro. Eu queria muito um uniforme desse que eles usavam...
Correio Braziliense 28.10.73 |
O jornal de Brasília já estava
ansioso pela chegada do Raid a cidade. Falta pouco!
Diário de Natal 30.10.73 |
Correio Braziliense 30.10.73 |
Correio Braziliense 31.10.73
Convite oficial para o desfile da integração nacional!
A caravana terá início no Centro Rodoviário do DNER, na entrada de Brasília. De lá seguem em comboio até o pátio fronteiro do Ministério dos Transportes, onde o Raid será encerrado as 11h00.
Ah como eu gostaria de ter visto isso
de perto! Eles são heróis mesmo, merecem toda a glória pelo feito incrível.
Correio Braziliense 30.10.73 |
Agora temos muitos detalhes!
Vejam só, foi o avião Búfallo da FAB que levou os
carros de Manaus para Santarém.
Temos o relato do jornalista e editor do
Departamento de Imprensa da Ford, Carlos Roberto Henriques da Costa.
Ele conta que num desses pontos de estrada ruim, o
Maverick ficou atolado com quase toda a suspensão dianteira enterrada no barro.
A única saída era tirar o carro de lá no braço. Havia tanto barro que eles
ficaram “atolados” até a altura do joelho. Mesmo depois de quase 3 horas de tentativas,
não conseguiram fazer nada pra tirar o Maverick dali. Então dois membros da
equipe saíram para procurar ajuda. Um dos cinegrafistas voltou com uma junta de
boi que havia conseguido numa fazenda próxima. Uma pesada corrente foi atrelada
ao Maverick e aos bois que o puxaram do atoleiro. Os dois primeiros bois tinham
os nomes de 7 de Ouro e Navegante.
Em outra ocasião, encontraram com uma ponte em construção. Os carros não passaram pela agua e fazer o retorno demoraria muito, então conversaram com o engenheiro responsável e o mesmo mandou encher o vão que faltava para que os carros passassem.
Eu moro em sítio. O próximo boi que eu comprar vai
se chamar Sete Ouro!
Imagino o Luiz Antonio Greco conversando com o
engenheiro... A voz de trovão deve ter entrado em ação rsrsr
A gasolina era mais cara entre Cuiabá e Vilhena.
Não havia energia elétrica também. Eles chegaram a rodar mais de 300 km sem
encontrar sinais de vida humana.
Eles tentaram contato com os índios de uma reserva
da Funai para fazer vídeo e foto, mas como não tinham autorização especial, não
puderam fazer as imagens.
Uma das coisas interessantes são as mudanças do fuso horário.
Que viagem! Impressionante, até o nome dos bois que puxaram o Maverick ficou registrado.
Prazo cumprido! Chegada em Brasília. Então nós entendemos o que realmente significa que " o seu país está integrado". Há rodovias que ligam todas as regiões do país.
Com média de 700 km por dia, os carros chegaram firmes e fortes, prontos pra outra, deixando o caminho aberto pra gente.
Muito legal esse desfecho.
Lemos que para a CBA homologar o Raid, os carros teriam seus motores abertos, estudados e analisados nos laboratórios da Faculdade de Engenharia Industrial de São Paulo.
Correio Braziliense 1.11.73 |
Que ótima leitura! O próprio Luiz Antonio Greco contou como foi a viagem. Que legal, eles eram parados pelo pessoal na estrada para ouvir os detalhes da viagem.
E aqui, o que eu já suspeitava: em todas as capitais, os carros eram conduzidos às concessionárias para serem lavados e para uma verificação mecânica, dentro dos regulamentos estabelecidos pela CBA que estava dando cobertura esportiva ao Raid. Com os carros já limpos, era feita a visita ao governador do estado.
Essas revisões e lavagens garantiram
a saúde dos carros.
Como disse, eu moro em sítio e em época de chuva o meu Maverick fica carregado de barro e argila. Toda vez que encaro uma situação dessa, lembro do Raid e passo pelo barro com mais vontade ainda rsrsr
A CBA recolheu as fichas de bordo, providenciou a lacração dos motores que agora serão examinados na FEI. Um laudo posterior fornecerá os detalhes de distância, consumo e desgaste.
Agora uma coisa muito interessante e importante:
Roberto Nasser, grande jornalista, advogado e entusiasta dos automóveis viu os carros quando chegaram à Brasília e disse que a prova não chegou a marcar profundamente os automóveis. Quando recebeu os integrantes do Raid, ele dirigiu o Maverick achando-o firme, justo e necessitando apenas de um pequeno reparo na embreagem.
É ótimo saber disso. Acredito que todos os recortes de jornais que temos do Correio Braziliense que temos aqui no blog foram escritos pelo Nasser. Ele sempre foi respeitado pela sua moral, seu conhecimento, imparcialidade e amor pelos carros. Um relato desse é muito valioso.
Os carros ficariam expostos na concessionária até irem para a FEI.
A Ford ainda preparou uma entrevista
à imprensa e um almoço.
Um encerramento perfeito!
Revista Automóvel Clube 12.73 |
Fotos ótimas!
Nenhuma delas tem legenda ou detalhes
de sua origem, mas a foto de baixo podemos ver que é em Brasília. Aqueles
prédios são únicos.
Então estavam ali, firmes e fortes no
final do Raid. Veja o interior da Belina repleto de bagagem...
Deve ter sido nesse momento que o
Nasser dirigiu o Maverick
Diário de Pernambuco 1.11.73
Missão cumprida! Então nós entendemos
o que realmente significa que " o seu país está integrado". Há
rodovias que ligam todas as regiões do país.
A Ford era fantástica em suas propagandas. Aqui ela exalta os integrantes e os
apoiadores dessa grande viagem.
É um feito emocionante.
Correio Braziliense 1.11.73 |
Não há nada para acrescentar.
Jornal do Brasil 14.12.73 |
Jornal do Brasil 15.3.73 |
O Cruzeiro 27.3.74 |
O Raid fez tanto sucesso que 5 meses
após seu término, ainda era utilizado como propaganda pela Ford.
Além de ter saído em revistas, também havia um folheto:
Anúncio do Mercado Livre |
Anúncio do Mercado Livre |
Talvez a data do teste da FEI -
Faculdade de Engenharia Industrial de São Paulo tenha sido em março de 1974.
Seria ótimo encontrar mais sobre isso.
Mas aí está, tudo confirmado, o carro aguentou, não foram encontrados
problemas... Foi um sucesso!
Fim do Raid, fim dos testes da FEI e
com certeza saiu a homologação da CBA, mas o Maverick participante do Raid não
parou por aí.
Veja essa notícia!
Correio Brazilense 27.1.74 |
Hoje em dia sabemos que o Maverick do
Raid foi sim para o Museu Paulista de Antiguidades Mecânicas de Caçapava, do
Roberto Lee, mas acredito que sejam pouquíssimas pessoas que saibam como isso
se deu.
Olha só que inusitado heim, a Ford
faria o sorteio desse Maverick entre os funcionários, mas aí o Roberto Lee
chegou no O’Neill, pediu e ganhou o carro.
É mesmo verdade, quem não arrisca, não petisca.
Mas e agora? O Raid terminou no dia
31 de outubro de 1973, já estávamos no dia 27 de janeiro de 1974. Onde o carro
ficou durante esse tempo?
Correio Braziliense 23.6.74 |
Era junho de 74 e o Maverick ainda
não tinha chegado ao museu...
Jornal do Brasil 10.7.74 |
Na inauguração da Cliper,
concessionária Ford no RJ, o filme do Raid da Integração Nacional foi
exibido.... Imaginem! Isso confirma que o vídeo foi realmente feito, utilizado
na época e que deve estar por aí aguardando para ser encontrado.
Depois dessa data, não encontrei mais nenhuma informação desse filme, mas esse jornal me deixou ainda mais esperançoso em encontrar o vídeo do Raid
O tempo passou mais um pouco e
tivemos o IX Salão do Automóvel e a Ford levou o Maverick para expor:
Quatro Rodas 12.74 |
Em novembro de 74 lá estava o
Maverick do 1º Raid da Integração Nacional no Salão do Automóvel. Com ele,
ainda um Maverick Quadrijet de corrida e uma Belina de Rali.
Estava demorando para o Museu receber
o seu presente.
Correio Braziliense 1.2.75 |
Agora foi o presidente do Brasil,
Geisel que também gostaria de ver aquele Maverick icônico num museu.
Vimos que desde o término do Raid,
ele ficou guardado meio que de lado, num pátio que acredito ser da própria
fábrica da Ford.
Não temos informações da Belina e do Corcel que também participaram do Raid. Talvez eles tenham sido sorteados entre os funcionários da Ford, como era o destino inicial do Maverick.
A data exata que o Maverick chegou ao museu ainda não descobri, mas espero que tenha sido a tempo do senhor Roberto Eduardo Lee tê-lo visto, pois em junho de 1975 ele foi assassinado...
E foi isso, o Maverick chegou ao
museu assim:
http://antigoscpvaj.blogspot.com.br |
http://antigoscpvaj.blogspot.com.br |
Uma pena....
O Maverick do Raid está passando por restauração, mas essa parte vai ficar para outro momento. Ainda temos algumas coisas para desvendar da sua história.
Bom, podemos dizer que o 1º Raid da Integração Nacional ficou muito conhecido pelo país, pois em cada capital havia toda uma mobilização para que as cartas fossem entregues, para que as pessoas pudessem ver os carros de perto... o próprio vídeo que foi gravado com certeza foi bastante utilizado na época também. Os jornais e revistas noticiaram incansavelmente cada detalhe dessa façanha, mas infelizmente grande parte dessa história ficou perdida no tempo.
Por curiosidade, tracei o trajeto no google maps:
A soma do Raid em 1973 foi de 16.755km. Na minha conta deu 16.654km. Um valor muito próximo. Dá até vontade de pegar o Maverick e repetir essa viagem.
Agora um resumo de acordo com a linha do tempo:
08/10 - Início às 7h00 no Chuí – RS
10/10 - São Paulo - SP
13/10 - Cuiabá - MT
15/10 - Porto Velho - RO
19/10 - Manaus - AM
22/10 - Belém - PA
23/10 - São Luiz - MA
24/10 - Teresina - PI e Fortaleza - CE
25/10 - 13h00 chegam à Natal (Santos & Cia)- RN. Partiram às 15h30
25/10 - 18h30 chegam à Recife (Cidar)- PE
26/10 - Às 9h00 seguem para Maceió - AL
27/10 - Salvador - BA
28/10 - Vitória - ES
29/10 - 14h30 chegam a Niterói / Rio De Janeiro - RJ (Grande Rio /
Santo Amaro)
31/10 - Chegada à Brasilia - DF às 10h00. Fim do Raid. Após, foram para
a concessionária Planalto onde os carros foram lacrados pelos representantes da
CBA para posteior homologação do Raid.
jan/74 - Roberto Lee pediu o Maverick ao Joseph O'Neill e ganhou.
mar/74 - Data provável em que os testes da FEI haviam sido realizados
com total aprovação.
jun/74 - O Maverick não havia chegado ao museu ainda
nov/74 - O Maverick é exposto no Salão do Automóvel
1/2/75 - O Presidente Geisel gostaria que o Maverick estivesse em um
museu. Ele ficou 1 ano parado em um pátio de estacionamento sob o sol e a
poeira industrial em São Bernardo do Campo.
??/??/?? - Chegada definitiva ao Museu do Roberto Lee
De qualquer maneira ter completado o
1º Raid da Integração Nacional, provou que o Maverick estava mais do que pronto
para o solo brasileiro. 4 meses depois de ter sido lançado, já tinha rodado
muito mais que se podia imaginar. O mais importante e valioso disso é que foi
com um Maverick 6 cilindros. Hoje esse motor é visto com desaprovação, mas a
Ford sabia o que tinha construído e colocou seu carro à prova na frente do país
inteiro.
Enquanto o V8 ia acabando todos nas
pistas, o 6 cilindros mostrava ser o rei da resistência, evidenciando cada vez
a qualidade Ford.
Já está em andamento mais uma parte
dessa pesquisa, espero poder publicar o que estou investigando....
Uma vez falei de como me interesso
por filmes como o do Indiana Jones e como isso de certa forma conduziu as
minhas pesquisas. Aquelas aventuras, caçadas, descobertas sempre me
impressionaram. Há um outro ponto de vista nesse filme que talvez não seja
levado muito em consideração, mas vejam só, vamos analisar as descobertas do
Indiana pelo olhar de quem “guardou” aquelas relíquias. Criar aquelas armadilhas,
charadas, túneis, deixar as pistas.... tudo isso foi grandioso da parte de quem
possuía a relíquia. Ao mesmo tempo que ele queria “guardar”, deixou todos os
passos para que a encontrassem. Como vemos no filme, por mais que várias
pessoas tivessem tentado, apenas o Indiana Jones foi capaz de resolver todo o
mistério.
O clímax do filme é encontrar as
relíquias, precisa ser muito bom para isso, mas pra mim, o cara que conseguiu
fragmentar as pistas e criar o mapa, era muito melhor! Ele possuía a relíquia
desejada por todos, mas a “guardou” perfeitamente, deixando pistas que apenas
uma pessoa inteligente e dedicada poderia resolver. Aprecio muito a arte com
que deixaram as pistas para que alguém no futuro pudesse resolver o enigma.
Veja também: A Ford tentou destruir o Maverick
Inscreva-se em nosso canal do Youtube:
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E-mail para contato:
Parabéns, menino!! Como você mesmo diz, "a mais completa pesquisa sobre o Raid". Lembro de ter lido notas nos jornais de São Paulo à época (Estadão, Folha, Jornal da Tarde, Folha da Tarde). Mas um apanhado a nível nacional, só você mesmo!! Que a luta continue, e um dia apareça este vídeo!
ResponderExcluirObrigado! Pode-se dizer que essa pesquisa foi uma "integração nacional" do assunto rsrsr. Que venha mais recortes de jornais e esse bendito vídeo. Ford Abraço amigo.
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